sexta-feira, março 30, 2007

O que foi que eu fiz?!

O que foi que eu fiz?!,
quando mandaram,
assisti calado
ou entusiasmado pedi bis;
como prometi,
garanti que era feliz
quando me perguntaram,
e sorri,
e saiu a foto,
e quem assim me viu
sorriu de mim;
também cumpri
outro voto que fiz,
nunca torci
nem meti o nariz
no que não devia,
e, credo-em-cruz!,
tudo escurecia
e me enchia de dó,
mas,
fingi que só havia sol
porque sol é luz,
e repeti
pra quem quis ouvir;
fui resignado aprendiz,
não me ensinaram nada
e nada aprendi
que não chegou
a minha vez,
e não reclamei
nem fiz alarde;
acordei cedo,
dormi tarde,
trabalhei
como um louco
e ganhei pouco,
e ainda fiz afago
em que me fez
de gato e sapato;
pedi perdão
sem ser culpado
e resignado ouvi o não,
e sempre disse sim;
mesmo assim,
pra mim
o dedo aponta
e a conta
sou eu que pago,
e com juro e correção,
e juro que não sei
o que fiz de errado,
não sei e ninguém me diz!

A hora é agora

Sugiro que vá e já,
a hora é agora,
trate de largar a albarda,
meta no vento a espora,
arranje e esbanje talento
na caça da caça
que força não abate
nem tiro de espingarda,
sugiro que vá!,
tá na hora,
deixe que a reta
se torça e empene,
deixe que a seta
na direção dê um giro,
deixe
que a paixão engrene,
sinta sua febre
e minta que é perene,
vamos lá, rapaz,
não espere mais
que não vai
haver mais aviso,
quebre o que for preciso,
o que for preciso quebrar,
mas,
celebre a vida como der,
como puder celebrar!,
tá esperando o quê?,
será
que você prefere esperar
que a vida
se desespere com você?

quarta-feira, março 28, 2007

Sou melhor do que você

Você me chama
de pinguço e bebum,
acha graça do meu soluço,
diz que não como,
que faço jejum
pra ter mais espaço
pra encher de cachaça
e que se vai
mais um neurônio
de um irrisório
patrimônio mental
a cada trago que tomo,
e ainda me chama
de bolha honorário,
otário, simplório,
tudo bem,
siga assim,
“falando mal,
mas falando de mim”,
não devo nada a ninguém,
pago o que devo
com meu salário burlesco
que finda
ainda bem fresco,
e pode fazer devassa
na minha vida,
puxar folha corrida,
pedi certidão em cartório,
e abro mão do sigilo
fiscal, postal, bancário,
abro até do sigilio conjugal,
pois,
se tiver queixa a mulher,
é queixa normal de casório
depois de muitas bodas
e de muito amor e suor,
e posso dizer
de cabeça erguida
que sou melhor,
bem melhor do que você,
porque tomo todas,
mas,
não tomo do pobre
cobre e comida!

segunda-feira, março 26, 2007

Se já vale sair de lona e pedir tudo na porrinha

Não me iludo,
minha gente,
se já vale sair de lona
e pedir tudo na porrinha,
virou zona,
aí,
vale mijar na esquina
a qualquer hora,
até na do rush,
e na frente
de moça ou menina,
e que caia na poça
debaixo de vaia
quem não sair fora,
vale dançar no pagode
blush a blush,
bigode a bigode,
vale ficar nua
em qualquer lugar
fazendo pose pro close,
vale usar e abusar
do pó e do fumo,
e o consumo
não tem mais nicho,
é na praia, é na rua,
e o cara usa e abusa
só pra ficar de bode
ou pra virar bicho,
perder o rumo
e dar um giro
afanando e dando tiro,
e vale até
capar meu salário
alegando que é
em meu benefício,
e alegando mais,
que só um otário
não é capaz de ver
que é grande paca
o sacríficio do Erário
no exercício desse ofício,
que só um otário
não é capaz de ver
como é difícil
ter faca e queijo na mão,
ora,
meu irmão,
eu vejo!,
agora,
se você não vê,
acaba de saber a razão!

quarta-feira, março 21, 2007

É uma joça cabeça fraca

A quem possa interessar,
é uma joça cabeça fraca,
o infeliz
dá murro em ponta de faca
e ainda dá urro pra espalhar,
o cara
é cornudo de carteirinha,
contudo,
o sabido não repara
e diz
que a vizinha
é quem apronta,
ela é que corneia o marido,
e ainda sacaneia o cara,
seu miúdo,
além de cabeçudo
de marca maior,
é um orelhudo de dar dó,
está com mais de doze
e não sabe fazer conta,
mas,
ele não vê
e ainda faz pose
pra tachar de burro
algum coleguinha do guri,
a filha é mocinha
e já vai por aí
na trilha da patroa
e com fama
de ser boa de cama,
entretanto,
como um bom pai,
sobe o tom
e vai ao pranto
quando fala da santinha,
por mais que o chefe
atarefe o babaca,
ele não saca,
e, todo dia,
tiram o cara do páreo
antes da largada
e ele não pia,
dão-lhe esporro
no lugar do socorro
que deviam lhe prestar
e ele se cala,
leva bala e porrada
e nem se assoma,
e o diploma de otário
emoldura e pendura
bem na sala de jantar!

sábado, março 17, 2007

Não discuto futebol

Não dá pra ter otimismo
quando até o futebol
virou roda de fogo,
ficou rota a paixão
e levou a emoção
gota após gota,
e o fanatismo
embotou a razão
e tomou conta do jogo,
virou moda palavrão
dito por senhora,
garota e rapaz
em conflito e quebra-pau,
e, de quebra,
virou moda muito mais,
é crime agora
levar o pendão do time
e pode ser morto o sujeito,
e nego é morto
a torto e a direito,
e não adianta
pedir arrego nem perdão;
no correr da partida,
tem pai
que fica pê da vida
porque o tento não sai
e no rebento planta a mão,
e planta na mulher
se não estiver de plantão
com a cerveja bem gelada;
a situação é tal
que há religioso,
não sei de que fé
nem de que igreja,
famoso pelo hábito
de sair na porrada
com a torcida do rival,
e sai com hábito e tudo,
por isso,
pessoal,
ao estádio já não vou,
escuto pelo rádio,
e com o rádio baixinho
pro vizinho não ficar puto,
no gol,
fico mudo,
e não discuto futebol!

sexta-feira, março 16, 2007

Boto a mão no fogo

Pode dizer,
meu amigo,
que sou demagogo,
bronco e cabeçudo,
pode dizer
que eu não ligo,
e ainda digo pra você
e pra quem mais
quiser me ouvir,
por essa mulher,
boto a mão no fogo,
aliás,
cabeça, tronco, membro,
e boto tudo
sem ela pedir,
eu a conheço bem,
me lembro dela
inda no começo
e já linda e travessa,
e daí?!,
se travesso sou também!,
por ela,
boto tudo em jogo,
vou de mão,
cabeça, tronco e membro,
e preste atenção,
companheiro,
nada de Bombeiro
que quero arder a rodo,
quero arder todo nesse fogo!

Briga, arenga e pendenga dão prejuízo

Pra que tanto choque,
tanta contenda,
pra que tanta injúria,
tanta bala no estoque?,
hein?, pra quê?
Vá por mim,
não se enfureça assim,
não se renda
a essa fúria feroz
que não soma,
que de nós
toma a cabeça
e nos faz perder a paz,
não esqueça
que é mais sensato
medir bem a fala,
fazer da fala uma arte,
e ouvir
é ainda bem mais barato,
pra ser mais preciso,
minha amiga,
meu amigo,
briga, arenga e pendenga
dão prejuízo
até pra quem ganha
que ganha um inimigo!

sábado, março 10, 2007

Que casal curioso!

Que casal curioso!,
ela é a tal,
ágil e fogosa,
e ele é dengoso,
ela tem jeito de espinho
e ele é frágil feito rosa,
ela toma pinga e cerveja
até ficar em coma
e ele saboreia
um bom vinho,
e de uma taça não passa,
ela é decidida,
esbraveja, sacaneia, xinga,
e ele
é da prosa comedida
e só fala baixinho,
ela faz ginástica,
é fanática por futebol
e joga pelada debaixo do sol,
e ele
tem a cútis bem tratada,
e já fez até uma plástica,
ela usa blusão, butes, tênis,
e ele usa sandália
e sobre a malha um camisão,
ela se espalha e faz zorra,
bota até o pé na mesa,
e ainda por cima arrota
e tem o cacoete
de coçar a genitália,
e ele prima
pela discrição e pela fineza,
ela só tem o primário,
mas é pícara pra chuchu,
ele tem mais estudo,
contudo,
o coitadinho é bem tontinho,
ela diz porra, cacete,
e ele,
pênis e meleca
e pênis apenas
quando é necessário,
ela bebe café
em caneca de metal,
e ele,
em xícara chinesa,
e é ela que paga a despesa,
e, veja você,
é dela a cueca
e dele, a calcinha,
ela é Dorival
e ele,
Dorinha,
é forçoso dizer
que é um curioso casal!