quinta-feira, novembro 23, 2006

Bati de frente com a batida de limão

A sexta-feira tinha tudo
pra ser bacana
e eu ia abafar,
contudo,
comecei a me fiar
no caldinho de feijão
que vinha quente,
e a quituteira era baiana,
e cantei, batuquei, dancei,
e nem sei
em que trecho do caminho
meu queixo caiu,
e caiu literalmente,
bati de frente
com a batida de limão
que a cana era de primeira,
e a batida
não vinha na contramão,
vinha na mão,
na minha,
foi de amargar!,
de repente,
baranga cascuda virou franga
e só na segunda voltei ao lar,
e de bermuda,
e de paletó fui trabalhar,
conclusão:
Raimunda,
minha senhora,
quase me matou,
só não matou
porque dei o fora
e só voltei agora,
dois anos depois,
mas,
no fato
ela ainda fala
por entre os dentes,
panos quentes?!,
nem pensar!,
me trata no berro
e os deveres cotidianos
vão do fogão ao tanque
e do tanque ao fogão,
com escala
no ferro de passar,
e sem rama
sem cerveja
e com dieta completa,
ou seja,
durmo na sala
e não posso nem sonhar
em dar uma chegadinha
naquela cama quentinha
lá do nosso quarto,
e nem digo
que estou farto
porque é o que ela quer,
sou vivo,
meu amigo,
por mais que tente,
ela não me logra,
não vou dar motivo
pra sogra
vir morar com a gente!