segunda-feira, abril 28, 2008

Ela dá mole

Vêm o bole-bole,
a esmola e o gole de pinga,
e ela dá mole,
dança e entra pelo cano
e a lambança não breca
nem tira o seu da seringa,
de tão meiga,
de tão leiga e singela,
digere o que lhe dão,
minguado e graúdo,
caipira e urbano,
aguçado e rombudo,
cabeludo e careca,
e se fere e esfola
posto que tudo
engole sem manteiga
que o pão vem puro,
e vem duro e sem gosto,
e ao lado de média rala,
quando há!,
e olhe lá!,
sob o peso do arreio
e com o vezo da rédea,
se encolhe e se cala,
não reclama da desídia
daquela fada madrinha
que dela se esqueceu
e batizá-la não veio,
que perfídia com a coitada!,
e sozinha,
sem norte, sorte e memória,
sem um só sonho seu pra sonhar,
um só pra contar história,
ela só não desiste
porque assiste
a esporte e novela,
e na tela da tevê ela se vê,
e sonha o sonho
que a faz sonhar a mídia,
mas,
diante de assunto tão importante,
a mim
a todo instante pergunto:
vamos ser sempre assim?!