É a ida de casa pra lida,
é a lida de sol a sol,
é a volta da lida pra casa,
e marmita
e manchete de jornal,
a saída é a birita
que tudo,
tudo é reprise!,
a alta da comida,
o material que falta
no colégio e no hospital,
e uma vaga é um privilégio!,
o trem é uma praga,
o das cinco passa às sete,
e vem cheio,
e a gente entra na raça,
e brinco
no meio da massa
pra evitar uma crise,
mas,
o patrão tem
e grita
com quem se atrasa,
a gente não
e não chama atenção,
bem perto,
o asfalto se inflama,
é mais um assalto
e ninguém,
ninguém vai
atrás do pivete
que se faz de esperto
e anda calmamente
porque já tem fama
e já manda no bando
e na mão tem uma nove
e nem nove ele tem...
começou cedo no vício,
partiu pro ofício
e indício foi deixando,
mas,
ninguém viu!...
eu também não vi,
tive medo de ver
e de conhecer o guri,
hoje chove ou não chove?,
e o meu time?,
outra vez vai ser vice
e aquele outro time
de novo vai ser campeão?,
e mais uma vez o povo
vai me chamar de freguês?,
faço que não dou bola,
mas,
essa gozação me deprime,
e minha escola?,
será que dessa vez
vai chegar em primeiro?,
se não chegar,
por favor,
não me usem
pra explicar o fracasso,
não acusem de velhice
meu passo e meu pandeiro,
como é íngreme!,
como é íngreme essa ladeira!,
besteira!,
Zé,
não desanime!,
mais de um doutor já disse
que nosso motor é de primeira!