Arco com a responsabilidade,
fiz coisas do arco-da-velha,
abusei
e levei ao desespero
a coitada da Amélia,
e traí o amor
de uma mulher de verdade
com uma flor qualquer
de um canteiro da madrugada
e a flor botei fora
sem sequer perguntar sua graça,
fumei, bebi cachaça,
joguei
e ostentei quando ganhei,
e não perdoei o perdedor,
agora,
pedi pra não pagar quando perdi,
pra me exibir
e divertir os presentes,
pra discutir
até os dentes me armei
e fui cruel
e destilei meu fel
na hora da discussão,
sem dó
fiz pilhéria, piada e gozação,
fui credor inclemente
e deixei devedor na miséria,
envenenei
a mente do povão
e reduzi a pó
a reputação de gente séria,
mas,
só de gente que me fez oposição,
sou assim,
é fato,
jogo o jogo
e no fogo a mão
não boto nem por mim,
e pronto,
e sou candidato,
que venha a eleição!,
e conto com seu voto!