Aí,
mano,
será que sou cartesiano?,
penso, logo existo,
ou,
talvez,
existo, logo penso?!,
pensando bem,
tanto faz como tanto fez,
afinal de contas,
não sou francês,
não sei a quantas ando
nem como anda
minha conta lá no banco,
aliás,
e sendo muito franco,
quem é você
pra me julgar?!,
um pobre mortal
que grita “heureca!”
ao se excitar
com fama e cobre,
mas,
não recita Pessoa e Bandeira
e não loa Dante, Lorca e Kant,
e chora
no final do drama,
e numa cabeceira
de uma cama de motel
se enforca
com a calcinha da boneca
que dá o fora
protegida por um véu
pra não ser reconhecida,
aí, mano,
ser ou não ser (cartesiano),
eis a minha questão!?,
então,
pra não perder a pose,
como outro torresmo
e tomo outra dose
de mel com purinha,
por fim,
no pico da emoção,
me ufano
do meu tirocínio
e dou um close nos treze titulares,
e não me goze,
meu cupincha,
são treze titulares mesmo
que seleção sem eles é besteira:
Ary,
Noel, Aldir, Lupicínio e Cartola,
Caetano, João Nogueira e Pichinguinha,
Garrincha, Chico, Vinícius, Pelé e Silas de Oliveira,
e regendo a seleção Tom Jobim,
e fico vendo as filas
na frente do Opinião
e gente paca
assistindo ao show de bola
e aplaudindo gol de placa!