segunda-feira, abril 11, 2005

Ninguém desiste, não adianta

Ninguém desiste,
não adianta,
a força é tanta,
que a gente dá um jeito
nessa dor que amola,
que esfola o peito,
e o samba resiste
à saudade do poeta,
que em fevereiro,
sua poesia mais dileta
vai entrar na pista,
nossa escola,
e não vai perder o rumo
nem o prumo o sambista,
que o bamba verdadeiro
tem raça,
vai sempre na bola,
não toma gol de graça,
fazendo golpe de vista,
nem quando ela se embaça,
nem fumo na lapela
debela a chama do artista,
pois o show continua
com a força da vida,
das ruas,
e quanto mais sentida a dor,
mais ainda embala
mestre-sala e porta-bandeira,
e não há dó,
nó na garganta
capaz de calar o cantador,
de se opor a verso e melodia,
e o chorinho do cavaquinho
contagia pandeiro,
tarol
e tamborim,
e a amargura vira flama,
se inflama o passo do passista,
se espalha o canto do coração
por toda a Avenida,
e,
na fronteira da emoção,
aflora a magia da mistura,
sorri a tristeza,
chora a alegria,
recortes de alma irrequieta,
alma de poeta,
e dentro de nós a poesia,
sua voz,
que não se aquieta nem com a morte!