terça-feira, abril 10, 2007

Domingo de sol

Alguém vaiava, alguém aplaudia,
e o da gandaia fez o mesmo,
aplaudiu a esmo e vaiou à toa,
e foi à praia como faz todo dia,
e, aos domingos,
ainda faz galhofa
com a gente da farofa,
o da miopia crente que via
não viu
que carecia de lente boa
e misturou alhos com bugalhos
ao botar nos is os pingos,
e aplaudiu e vaiou
quem vaiava e quem aplaudia,
o da utopia se julga o tal
e já não é tão novo,
tão moço assim
pra acreditar em ilusão,
o que me faz ficar
com a pulga atrás da orelha,
e ele não vaiou nem aplaudiu,
deu em sua telha fazer passeata
pra mostrar ao pessoal
a visão mais sensata
do xis da questão,
e o grosso do povo,
que navega
nos escombros e assombros
de um dia-a-dia chinfrim
e nos ombros tudo carrega,
engoliu sapo de montão
e pediu bis,
mas,
lá na cobertura de luxo,
brindou o bruxo
com seu sócio esperto
a ventura da negociata,
já está no papo
o negócio pra dar caminho
a garoto da periferia
via promoção de regata
de barquinho de papel
em esgoto a céu aberto,
ô!... garção,
por favor,
outra cana
que não tenho grana
pra tratar a depressão
com nenhuma outra terapia!