segunda-feira, abril 23, 2007

O forte cheiro da merda

Sei que já não sou moço,
meu amigo,
pra ser mais exato,
perdi o embalo
e me tornei antigo,
é isso aí...
o tato foi me ralando
e ficando ralo,
e já estava grosso
quando dei por mim,
a visão
de abalo em abalo
foi ficando chinfrim
e me deixando na mão,
agora,
pra não ficar de fora,
chego tão perto
que quase beijo o fato,
mas,
não vejo certo nem assim,
como já não ouço bem
nem quando berro,
me calo
e da audição já nem falo,
na hora da refeição,
arfo e como
via mastigação postiça
e tomo ferro
que até iguaria
tem gosto de carniça,
e fui bom garfo um dia,
quem diria!...
a cuca está cheia de hiato
e também meia lerda,
de sorte que o intelecto
virou arapuca,
isto posto,
encerro com o olfato
e a custo um cheiro detecto,
e justo
o forte cheiro da merda!