quarta-feira, outubro 05, 2005

Blefe

Ainda me iludo
com esse moderno teatro:
“Peixe graúdo
de terno e gravata
pego em mutreta polpuda”;
eta! bravata!,
porque o bicho é mixo,
arraia-miúda
que cabe em foto 3x4,
mas,
o pessoal do papo furado
outra vez me empulha,
lança de mão de microscópio,
amplia a agulha
e me mostra um tubarão,
e me faz de palhaço
com esse ópio de segunda,
ou seja,
pegam um sócio bunda
de um negócio oceânico
e fazem o maior estardalhaço,
e o chefe,
sem pânico e sem alarma,
vai no comando da gangue,
chupando nosso sangue
e mamando com a mamata,
e achando graça do assunto,
bebendo champanha
e comendo presunto de parma
no intervalo entre campanhas
e a caminho do Adriático
a bordo de um iate
de pés e cavalos que não acabam mais
e âncoras de mais de dezoito quilates,
enquanto o âncora carismático
de algum jornal afoito
fala com tanta alma e gana
do revés do colarinho branco,
que não me manco
e acabo achando simpático o blefe
e batendo palma
ao ver o mequetrefe entrar em cana
pra sair depois de umas semanas!,
mas,
no fim do noticiário,
sigo com ritual diário
me dando umas bananas!