sexta-feira, dezembro 23, 2005

É isso aí!

Desafina o sorriso banguela
que sorri aos arrancos
o branco dissabor desse rapaz
que pra comer
só tem remedo de comida,
e que nada faz
porque nada tem pra fazer,
se abomina a criança-menina
e mulher bem cedo se revela,
mulher da vida,
sem sequer ter vigor de moça,
e feia vai envelhecer
muito antes dos trinta
e cheia de falta de esperança,
se amofina o negro braço
com a negra cinta,
dá braçadas de sol a sol
e se afoga na droga de poça,
poça de cansaço
onde cada faroleiro
trata de si e tudo o mais é farol,
é isso aí!,
se alucina quem sobra
nessa rua mestiça,
sua e se esvai
nessa mestiça estrada
e cai num mestiço bueiro,
é consumido pela loucura
esse desvalido mestiço
que se desdobra
à procura de sentido,
mas acha mais desespero
a cada mestiça esquina que dobra!