quinta-feira, dezembro 01, 2005

Foi o último encontro de ombros amigos!

Não foi abraço ferido
de quem o ventre abraça
pra evitar aborto inevitável
pois já morto o feto,
não foi doído sangramento
que nenhum ungüento
faz estancar por completo,
não foi irrefreável tremor
que do peito embaraça o ritmo
e o deixa ao sabor
de um algoritmo irrespirável,
foi direto e franco sem ser amargo,
foi aceno intenso de lenço branco
de gente que se distancia
parada no cais
enquanto a embarcação
vai em frente e se faz ao largo,
foi despedida
sem imprecação e sem ressentimento,
foi consentimento
pra guardar recordação,
foi resignação de outono
com o destino da folha,
não foi abandono,
mas escolha de amantes antigos
sem paixão pra levar adiante,
foi o último encontro de ombros amigos!