terça-feira, dezembro 06, 2005

Na seletiva da Brasil

Botei a comitiva
no caminhão do Meco
e peguei a seletiva da Brasil
porque
o guarda estava de folga
já que a bolsa da Olga
explodiu justo no domingo,
e no domingo,
aqui na região,
nem a muito custo
se acha esculápio de plantão,
mas,
veja só o cardápio do boteco:
cachaça, cerveja, caldinho de feijão,
mocotó, rabada, angu
e buchada de bode;
e a Olga encarou o desafio,
encheu o bucho
que já estava por um fio,
e tudo no maior sacode,
samba, forró e até lundu,
e vai parir no meio do caminho,
que luxo e pompa
aqui a gente não tem não,
agora,
na hora H,
se não vier um menino
e pintar outra mulher,
não vou reclamar do destino,
mas vou ligar as trompas!,
que o saco torra
ficar dando esse mole,
aturar a turma no meu ouvido
repetindo meu apelido:
“Forra da Rapaziada”,
pois na minha prole só tem filha,
Lília, Odília e Emilinha,
a caçulinha,
na minha prole não tem espada,
um João pra dar um estouro
na boca do balão
envergando a nossa camisinha,
que é na água e no couro,
não vai fora não,
que até essas coisinhas
a gente poupa,
"que essa crise não está sopa,
e eu pergunto,
com que roupa,
mas com que roupa
eu vou
ao parto que você não programou,
com que roupa eu vou,
com que roupa eu vou
ao quarto que você não programou".