sexta-feira, dezembro 02, 2005

“Quem tem olho grande não entra na China”

Cara,
é muita areia
pro meu caminhão!,
mas não é questão
de potência nem de tara,
que tenho o costume
de encarar volume até maior!,
mas,
na Baixada e adjacências...
e essa areia é do Leblon!...
lavada com o que há de melhor;
sou muito bom
com até dois dígitos,
até dois dígitos no IPVA,
até dois dígitos no IPTU,
e nos dela há mais de cinco,
acompanhe meu raciocínio:
em sã consciência,
não é nada fácil
ir de picado e tutu
no Zinco da Neném,
lá em Belfort,
pra quem tem
champanhe e caviar
no café-da-manhã
salmão grelhado
e crustáceo ao termidor
no almoço,
não dá nem com muito esforço...
e não é preciso sequer
um forte tirocínio
no mister de vidente
pra ver a sorte da empreitada:
uma noite danada de quente
e eu, lá no Flor-de-Lis,
sem ar-condicionado,
frente a frente com o traçado
e afogado em Lupicínio:
“Você sabe o que é ter um amor,
meu senhor...”;
e a menina,
pra se livrar do passado,
num bistrô de Paris,
com brande ou conhaque,
brindando o namorado novo;
é..., cara,
repara como o povo
é mesmo craque:
“quem tem olho grande
não entra na China”.