quarta-feira, novembro 30, 2005

Se conselho fosse bom... (II)

Não se esqueça
que ruga só tem graça
em bolso de cirurgião plástico
ou em conta-corrente de esteticista,
na sua lata,
só lhe retrata mais ainda a velhice,
portanto,
não persista na burrice,
trate de não ser
drástico com ninguém,
especialmente com você,
não se aborreça,
não seja bombástico
nem faça alvoroço
por nuga, tostão ou tolice,
quiçá nem por milhão,
não deixe a cabeça
entrar em ebulição
por boato ou disse-me-disse,
muito menos
em razão de chalaça,
faça o que for preciso,
mas sem afobo,
e se faça até de bobo
se for menor o prejuízo,
nunca se grile nem estrile
se não souber direitinho
tudo a respeito do fato,
e tenha muito tato
mesmo quando souber,
nada de estrilo,
meu irmão,
estrilado no embalo da emoção
pra não arranjar um grilo inda pior,
não invente
corno em focinho de cavalo
e fique frio
se achar na sua tal adorno,
se frio não puder ficar,
trate de apagar o pavio
antes que não haja retorno,
e cuidado com essa conversa
de que o vizinho
foi um lobo mau à beça
e sua mulher,
Chapéuzinho Vermelho,
e, preste atenção,
não é ocasião
pra carregar no tom,
fazer barulho
ou mesmo ruído
por causa da vaidade,
do orgulho ferido,
nem pra questionar a paternidade
do fedelho mais novo,
se der pra se mandar,
saia bem de fininho,
desapareça de mansinho,
deixe que o povo esqueça...
mas,
não deixe de lembrar:
se conselho fosse bom...