sexta-feira, novembro 18, 2005

Se for preciso

Se for preciso,
não perco a viagem,
mostro coragem e jogo duro,
dou pernada e safanão,
antecipo furo de reportagem
e dissipo a edição do jornal,
amorteço no peito esfera de chumbo
e dou jeito em qualquer ladrão,
arrefeço tara e tesão de mulher
sem fada e sem vara de condão,
seguro a orelha desse tal de Dumbo
e lhe juro que a fera se ajoelha,
se for preciso,
desço do muro, tiro a hera e faço opção,
bato o portão em cara de fiscal,
sento o pau em cobrador
que vier cobrar conta ou prestação,
viro de ponta-cabeça
qualquer um que esqueça
posição de sentido e continência,
perco a paciência e boto pra quebrar
com qualquer atrevido
que tente não me dar o devido valor
ou invente de me sacanear,
se for preciso conto história
de baleia pescada com linha e anzol,
de andorinha que fez verão sozinha,
de terçol maior que o maior melão
que já apareceu lá no CEASA,
de teia de aranha com mais de milha,
de rês com picanha de seis quilos,
de um grilo que voou da Glória
à Ilha de Marajó só com uma asa,
e façanhas do meu cãozinho
que pelo focinho pegava tubarão,
pois tenho muitas na memória!