terça-feira, novembro 08, 2005

Mas nunca me deixe!

Me vire, desvire e revire fundo
até mais nada restar de mim,
se quiser me ver
escorrer assim
qual escorre o suor,
me transpire,
se achar melhor,
me ponha na roda
e me rode
à moda de menina
que se alucina
e gira o quanto pode
pra rodopiar o mundo,
faça o que mandar seu desejo,
me trate como um festejo
caso goste de festa,
me encoste
como se faz
com um bem
que já não presta,
que já não tem serventia,
faça tocaia e me atinja
qual se faz com fera bravia,
finja que sou mera cobaia
e experimente suas fantasias
mais imorais e estranhas
nas mais indecentes farras,
me agarre, amarre e encarcere
em suas entranhas,
me arranhe, lanhe e lacere
com suas garras,
e não permita sequer
que eu me queixe,
me serve qualquer prazer,
qualquer afago,
me queira como puder,
seja até um vago querer,
mulher,
faça o que você quiser,
mas nunca me deixe!