quarta-feira, novembro 09, 2005

Com muita sorte

Após esse tal de ontem,
e descontem
mais um degrau!,
a nau segue nessa corrida
medida em eus e nós,
eus e nós demais,
e corre por tempo incerto,
que a gente não sabe
se o fim está longe
ou já range bem perto,
mas não há jeito,
muito menos ,
direito ao amanhã,
e o corpo é a nau
na rota da vida,
e o dia sopra,
a noite venta,
a maçã nos tenta
e mais uma mordida
pra sentir o velho sabor,
e a gente alopra e nem se manca,
perde o nexo e bota banca,
come sardinha e arrota camarão,
perde a linha e desanca a razão
com esse complexo de ser superior,
e a gente se orgulha de ser capitão,
o que na mão segura o timão,
e agente nem nota que é pura,
burra impressão
de quem vive às turras com o norte,
pois,
nessa aventura
que não tem carta
nem agulha magnética,
com muita sorte,
antes que a gente parta,
no ponto final,
eu,
você se despede
dizendo que teve só
a tal avaria estética,
o tal desgaste natural,
e que quem fica
fica sentindo algum dó,
embora por tempo breve,
que nunca se demora
mais do que deve,
depois,
eu,
você fede e vira pó.