segunda-feira, novembro 14, 2005

Nunca se sabe

Por mais que se procure,
nunca se sabe
se é só casca, fragrância, anilina,
se engole o que masca,
se está na parole que vomita
a substância que rumina,
por mais que se procure,
nunca se sabe
se é alguém totalmente duro,
puro ferro, pura brita,
indiferente a agruras e berros
de seus semelhantes,
por mais que se procure,
nunca se sabe
se é mesmo criatura boa,
mansa e fraterna
como o olhar,
como a voz afiança,
terna o bastante para amar
como o seu abraço insinua,
por mais que se procure,
procura-se à toa,
nunca se sabe
se, diante de nós,
está nua e crua a pessoa!