segunda-feira, novembro 14, 2005

Salve!, salve! a cauda!

Salve!, salve! a cauda!,
toda e qualquer cauda!,
que cauda é cauda!,
não há distinção!,
pra provar que não há,
comecemos pelo pavão,
salve!, salve! a cauda do pavão
cuja beleza seduz a pavoa,
salve!, salve! a cauda presa
que não está presa à toa,
salve!, salve!
a cauda do beberrão,
embora não tenha dono,
a da avestruz
que ela sempre deixa de fora
e a desse avião
que me faz perder o sono,
salve!, salve!
do girino a cauda perdida,
a cauda do cometa gigante
e a do gameta masculino,
tão importante
quando da corrida é hora,
salve!, salve!,
com a permissão do inquilino,
a cauda farta e gostosa
que tem minha vizinha,
salve!, salve!
a cauda da Marta,
a da Alda e a da Jussara,
horrorosa de cara
como a Raimunda,
mas a cauda também abunda,
salve!, salve!
a cauda de Fulana, de Beltrana e de Sicrana,
salve!, salve!
a cauda da Esmeralda,
cauda preciosa,
caudalosa no contorno,
mas,
a rainha de forno e fogão
me tenta, esquenta e requenta,
depois,
faz cu-doce,
além de arroz, feijão
e doce de ameixa em calda,
e nem tirar a sardinha me deixa,
mas,
como cauda é cauda,
salve!, salve!
a cauda do piano,
a do vestido da soprano
e a do contralto controvertido,
salve!, salve!
a cauda da amante,
exuberante no salto alto,
a da rapariga divertida,
a da amiga dedicada
e até mesmo a da esposa,
tão cansada e tão batida,
salve!, salve!
a cauda de verdade
e sem vaidade da Amélia,
a da galinha velha
que dá bom caldo
e a felpuda da raposa experiente,
salve!, salve!
a cauda polpuda
da inocente Amelinha,
a raposinha iniciante
antes negaceia, titubeia,
mas acaba dando bom saldo,
salve!, salve!
a cauda da secretária sedentária
que se encheu de veias
batendo de cabo a rabo
laudas e mais laudas,
salve!, salve!
a cauda da atleta
que malha todos os dias,
cauda sem falha,
repleta de viço e de energia,
salve!, salve!
toda e qualquer cauda!,
da cauda da neta
à cauda da vovozinha,
que cauda é cauda,
não há distinção,
por isso,
meu irmão,
a minha cauda já tirei da reta!