sexta-feira, setembro 09, 2005

Dá cá

Nega,
dá cá um beijo,
um abraço,
um amasso no seu nego,
que tô cheio de chamego,
não vejo a hora
de me perder no meio
desse seu aconchego farto,
nega,
bota as crianças pra fora,
tranca a porta do quarto
e dá cá
um trato no seu nego
que eu tô que tô carente,
faz tanto
que tô ausente,
que até parece estréia,
tô suando nas mãos,
o coração tá palpitando
e dando na vista tanta emoção,
e tanto,
que a vizinhança toda viu
e até fiquei sem graça,
nem a velha panacéia me serviu,
meti a mão bolso
pra conter a massa,
pra disfarçar o sentimento
mas não deu certo,
foi um alvoroço,
levou susto
até a deficiente visual
que vende jornal na esquina,
ela berrava,
gritava que queria ver de perto,
foi um custo conter a menina,
só desistiu
quando uma terceira interesseira
atribuiu a ampliação
às lentes de aumento,
nega,
não posso continuar assim,
se você
não der logo um jeito,
não sei não...
com a edéia
virando idéia fixa,
posso não responder por mim
até se a preliminar for prolixa,
pois,
do jeito que tô,
tudo é flor,
seja cravo, seja azaléia!