terça-feira, setembro 13, 2005

Sai debaixo

Sai debaixo,
estou com a corda toda
e não vou sossegar o facho,
quando a gente deixa,
a alma pinta e borda,
faz a gente botar pra quebrar,
já disse à minha senhora,
meio em tom de pilhéria
pra não me complicar,
que as bodas saíram de férias,
joguei fora
contas de água, luz e gás,
e deixei pra trás
misérias, saudades, mágoas e queixas,
daqui por diante,
vou deixar de ser otário,
de fazer papel de paspalho
no retumbante cenário nacional,
já botei galho de arruda na orelha
e só vou fazer o que me der na telha,
começando por esse céu de sol,
a despeito
da previsão oposta da meteorologia,
a seguir,
um domingo de carnaval,
aposta exlusiva do meu peito,
sem um pingo de ajuda do calendário,
sem personalidade televisa,
sem alegoria, sem banda
e sem autorização da burocracia,
pois bate e tudo comanda
a magia do coração,
e que ele bata como quiser bater,
pela mulher que não vier
ou pela que aparecer,
e traga amor ou traga prazer,
ou só companhia
pra acompanhar uma cerveja,
ou esteja só de passagem,
miragem para o olhar,
viagem da imaginação,
que bata pelo irmão antigo
que a gente nunca esquece,
por aquele amigo da ocasião
que aparece e entra na festa,
pela sugesta que imaginei tanto
e nem precisei dar no patrão,
que bata por esse pobre
que fez questão de partir comigo
o quase nada que tinha,
que bata por essa pessoa
que eu nem sabia que vinha,
mas veio
e trouxe esse inesperado abraço,
e amizade, amparo, abrigo,
que bata de verdade
por qualquer felicidade,
mesmo um pequeno pedaço,
que bata
ao sabor do canto da vida,
raro encanto
que enfeita e abençoa
quem descobre que ela foi feita
pra ser vivida passo a passo,
e não existe passo à-toa!