sexta-feira, setembro 16, 2005

Galo da boca pra fora

Esse galo come sardinha
e arrota camarão,
e canta de galo,
mostra crista, bico, espora,
se pavoneia,
esperneia e cisca um bocado,
estufa o peito
e canta que é brigão
até dar na vista!,
mas,
é galo da boca pra fora,
que esse galo duma figa
adora sim uma rinha,
mas com pinto e galinha,
aí,
cresce, fica brabo,
briga, faz e acontece,
deita e rola,
canta palavrão a torto e a direito,
esfola, amarrota, escalpela,
dá safanão pra todos os lados,
quase dá cabo dos coitados,
entretanto,
quando aparece outro galo,
fica cheio de dedos,
se a coisa engrossa,
perde bossa e rebolado,
se mija, se borra, se péla de medo,
entre as pernas enfia o rabo,
no saco mete a viola,
e o canto,
e dá o pira,
guarda a valentia pra ir à forra
quando a galinha
ficar de novo sozinha,
há mesmo galo assim,
tão chinfrim,
tão dado a tal mudança?!,
ou meu canto
é um canto torto
que canta uma mentira?!,
por fim,
uma advertência:
qualquer semelhança
com galo vivo ou morto
terá sido mera coincidência!