segunda-feira, maio 02, 2005

Aos dezoito

Aos dezoito,
nada é muito,
tudo é muito pouco
ou quase nada,
aos dezoito,
um louco mais sisudo
põe até os pés no chão,
mas nunca conta até dez,
que contar um, dois e três
é coisa de brincadeira infantil,
e, pra frente,
besteira,
vacilação de gente de senil,
aos dezoito,
o agora tem amanhã
que, por sua vez,
tem outro amanhã logo depois,
aos dezoito,
o presente é infinito
e transcrito em gerúndio,
e um latifúndio o futuro,
aos dezoito,
tudo é quente, é cio,
nada é frio, nada é morno,
aos dezoito,
nada é obscuro ou raro
a ponto
de não ser claro ou banal,
e tudo se move
em torno de um ser imortal,
e pronto,
aos dezoito,
nada é muito,
tudo é muito pouco
ou quase nada,
só mesmo os loucos
fazem dezenove!