terça-feira, maio 03, 2005

Estou cansado de tanta magia

Poxa,
é fogo,
estou cansado de tanta magia,
de tanto mágico de araque,
é omelete sem ovo
e o perna-de-pau do jogo
virando craque no jornal,
é a democracia de urna
que me mete na furna
durante o intervalo,
me calo e só falo de novo
na próxima eleição,
também,
pudera,
faço opção por lebre
e botam um gato na minha mão,
todo verão, outono, inverno, primavera,
aderno e perco o sono
por causa do casebre
que pega embalo e carona na corrente,
escorrega pela encosta
e a gente desce o morro
fazendo o barranco de atabaque,
todo dia tem cachorro dando lição de asseio,
mostrando à dona
como se deixa bosta no passeio
em plena luz do dia,
e ela ainda se arrelia e late
quando a gente se queixa,
é universitário que levou xeque-mate
do magistério elementar,
só sabe usar o vocabulário do berço
e quase entra em coma quando soma,
mas,
conseguiu desvendar o mistério,
são necessários três terços
pra rezar um terço inteiro,
é deflação de diário oficial,
edição especial de primeiro de abril
em homenagem ao de maio,
que caia quem nunca viu,
tudo bem,
mas todo ano eu caio,
é saúde sem grude, remédio e plano,
é prédio sem viga, pilar e sapata,
é Carnaval só com a nata,
sem povo, confete e serpentina,
em cada esquina,
um cara de fraque me ilude,
enrola e bota meu coelho na cartola,
é a menina de lábios carnudos
que se equilibra no fio dental,
virou especialista em receber turista
fazendo aquele malabarismo sacana,
mostrando quase tudo,
seios,
bumbum,
e já falei dos lábios,
e carregando um aviso:
“Quem acha que chegou
ao paraíso do turismo sexual
se engana e acaba entrando em cana,
com direito a foto e digital”,
e até minha nega,
aquela santa,
entrou na festa,
vai pronta ao mercado
e volta pra casa meio tonta,
mas com grana e mercadoria,
isso é que é feitiçaria,
nasceu até chifre na minha testa,
chega,
estou cansado,
me arrasa toda essa magia!