segunda-feira, maio 02, 2005

Coisas da vida

A Avenida se escancara,
vem doída lá da Praça da Bandeira,
qual súplica de quarta-feira
depois de Carnaval aposentado,
e vara a Praça da República,
e acontece de tudo,
mas de que serve essa verve,
se é que há alguma,
de que vale a pena incendida,
se não muda a vida da escuma,
de Madalena,
que penou um bocado
no pau-de-arara
e em outros tantos,
e não ouviu o canto,
nem viu o entrudo na Central do Brasil,
vê o muro
pichado com seu nome de guerra,
mas não lê,
e enxerga muito bem,
e nem está escuro,
pois a luz do dia é plena,
e berra pelas cercanias
um cabrito por minuto,
e se cala mais um presunto,
outro bruto feito aflito
de algum peito juvenil
que afeto não encerra,
também,
pudera,
nem bem finda a campanha
e o eleito muda de assunto
ainda no champanha:
"quem pariu Mateus que o crie",
é..., Europeu,
acelere os tamancos
e arrie aquele traçado,
daqui ao Méier tem muito tranco
e do Méier pra lá,
me espera um bom bocado
num trem inda mais xucro,
mas,
pensando bem,
acho que tô no lucro,
perto dos trinta
e com pinta e tez de noventa,
sou o famoso três em um,
e dou um duro
que não agüenta nem japonês
de quimono e faixa preta,
e com tanta escopeta aí por perto,
e furo não tem dono,
e sono por aqui é estado de coma,
e quem soma,
toma de alguém!,
acho que tô no lucro,
porra,
mais um vintém se foi nos descontos,
tanta zorra me deixa tonto,
e o Zorro,
coitado,
menino de recados,
tá pedindo socorro,
levando esporro
e muita porrada,
foi apanhado em flagrante
descendo o morro
com as turbinas ligadas,
e hoje a meninada rica
fica a ver navios
das belas janelas da Avenida Litorânea,
coisas da vida,
mas desconfio
que é falta momentânea
porque a insânia é imensa
e só crime pequeno não compensa!