domingo, maio 01, 2005

Se a inspiração vier, faço um verso

Minha nega,
com licença,
se quiser me ouvir,
tudo bem,
ouça,
se não quiser,
tudo bem também,
cabe a você decidir,
vou seguir sendo assim,
pra mim,
chega!,
não faz mais diferença
se é de alta ou de baixa
a tendência dos juros,
da bolsa,
do mercado futuro,
se o dólar sobe ou cai,
se um revés
e não o viés da faixa
é o que a gente extrai
da previsão do real,
se o que produz
a ereção do custo de vida
é justo a racha da Previdência
ou se é um caso anormal
do tal priapismo financeiro,
ou se, de fato,
é um abismo,
com nome, CPF e endereço,
em conluio com o chefe,
que traga o dinheiro o SUS,
ou é o preço que paga essa gente
por ter a ousadia de ficar doente,
não me interessa
se, depois da partida,
não vou fazer jus
à bandeira a meio mastro
em razão da minha calva,
ou, como dizem os astros,
será um dia de glória,
com banda e salva de tiros,
aliás,
esta eu realmente prefiro depois,
não agora,
como anda acontecendo,
e todos estamos vendo,
quer dizer, sofrendo,
moral da história,
pra mim,
é indiferente
se é o presidente indo na faixa de pedestre
ou o pedestre indo com faixa de presidente,
se o tal golpe de mestre a miss deu no vice
ou se no vice o golpe da miss deu o mestre,
e não quero nem saber
se transplante fez o jasmim pra virar hortênsia
ou se a hortênsia fez implante pra virar jasmim,
e, muito menos,
se no jardim tem havido muita indecência,
pra mim,
tanto faz, como tanto fez,
cada um tem sua preferência,
preocupem-se vocês,
meu negócio é andar por aí à toa,
imerso no ócio,
rodeado de mulher boa,
e, no meio do chope gelado,
se a inspiração vier,
faço um verso!