domingo, maio 01, 2005

É a vida que a gente leva o que se leva da vida

“É a vida que gente leva o que se leva da vida”,
por isso,
meu samba,
vamos por aí sem demora,
sem dia e sem hora marcada,
sem artista na pista,
sem turista na arquibancada,
vamos levar nosso recado
enfeitado de asfalto e mais nada,
e por toda a cidade,
de alto a baixo,
vamos levar nosso recado
a quem estiver disposto
a curtir o gosto do samba,
seja homem, mulher,
velho, moço,
que nosso samba é aberto
e não quer saber
do prazo de validade do cantador,
e pode até
não ser o tom o mais certo,
pois não precisa ser o tal,
bamba, profissional,
basta ser do samba amador,
bom de emoção e de amor no coração,
vamos lá,
meu samba,
vamos hastear nosso enredo
sem medo de atravessar nosso canto,
e se correr uma imprevista gota de pranto,
o cavaquinho não vai deixar que dê na vista,
vamos lá,
meu samba,
vamos abrir caminho
por todas as ruas, avenidas e guetos,
que nosso samba não tem cor
nem classe preferida,
prefere o encanto da vida,
que não é branco, mulato, nem preto,
nosso samba
é o que a gente tem dentro do peito,
e não é samba
de direita, de esquerda, nem de centro,
nosso samba é do PS,
que não quer dizer pós-escrito,
mas Partido do Samba,
vamos lá,
meu samba,
e, se for preciso,
vamos levar no grito:
“é a vida que a gente leva o que se leva da vida”.