terça-feira, maio 03, 2005

Bar da dona Maria

Quem nunca viu
não vai acreditar,
não é mais um bar em mil,
alvoroço dentro e fora,
aquele calabouço
onde cerveja e chouriço
são traçados
qual notícia no jornal do lado
no Queimados-Central
engarrafado na Brasil;
não é lugar
pra comer um terço
no afã de ir embora,
o que não quer dizer
oração por inteiro,
nem pra beber três quartos,
só isso,
e de prédio moderno,
onde quase não dá
pra curtir agora
o parto de amanhã,
e depois não cabe o berço,
e deixar o dinheiro
ou mandar botar no caderno
e dar o fora,
não é nada disso!,
porque não é um bar,
de fato,
é uma sé,
e a gente vem sem pressa
e vem porque tem fé,
fé na conversa e na cachaça,
fé na lingüiça e no antigo,
no atual e no futuro amigo,
que ainda não veio,
mas há de vir,
e, quando vier,
daqui na certa não passa;
fé porque bem perto dali
mora o Aldir,
às vezes desaparece, some,
mas a gente sabe que está por ali;
fé porque à luz
o Moacyr faz jus,
Luz que já traz nome,
grande Moa;
fé porque vem
gente muito boa,
e nem preocupa
a gente maluca que vem,
pois gente que não atrasa,
só adianta;
e vem o Basile,
secretário honorário
e encarregado dos patuás
que mantêm afastados
chatos, otários e que tais!;
é um desfile de gente,
gente que faz
e gente que não faz alarde,
gente que não fala
e gente
que embala
e não pára de falar,
e tanta,
que pra contar
não me bastam todos os dedos,
por isso,
paro por aqui,
mas se quiser aparecer,
encare esta como um convite,
mas evite vir tarde
que dona Maria dorme cedo.