segunda-feira, maio 02, 2005

Pela Avenida Brasil

Na passarela do dia a dia,
pelo inverso da alegria,
esse povo desfila
de corpo e alma
suas mazelas descoloridas
pela Avenida Brasil,
mas não perde a calma,
não estrila;
na arquibancada vazia,
sob esse céu,
cujo anil essa gente nunca viu,
bate palmas doloridas
o avesso da folia;
entra ano e sai ano
e nada acontece de novo,
o enredo não varia,
pelo oposto da fantasia
esse povo indigente
vai sorrindo,
de juras e garantias,
e sorriso sem dentes,
e, no seu dia de sorte,
o da morte,
essa gente se alivia,
se livra desse cotidiano de cão
do dia a dia dessa passarela,
em que tem
que fazer das tripas coração
essa gente esverdeada e amarela.