quinta-feira, abril 05, 2007

Choveu chuva

Choveu chuva
de molhar pra valer,
chuva de pingo grosso
qual caroço de abacate,
pingo que bate, arde
e faz ferida,
foi chuva
de fazer transbordar
poço seco e fundo,
um colosso de chuva
de deixar o mundo
num beco sem saída,
chuva
que fez ficar a quinta
com toda a pinta de domingo
e bem depois da seis da tarde,
chuva que fez entrar
pela clarabóia escuridão,
e foi cheia
de fazer baleia
sentir falta de bóia,
de levar à paranóia tubarão,
e foi trovão
que fez o chão balançar,
e teve gente tendo treco,
gente no boteco
se afogando em pinga
pra ficar alta
e na enchente
não se afogar,
teve gente à beça
que fez promessa,
mandinga e oração,
e a chuva
não parava não,
parecia que nunca mais
ia amanhecer outra manhã,
mas,
pedi à minha mãe Iansã
e a chuva
virou chuvinha,
uma chuvinha de verão!