quinta-feira, maio 17, 2007

Pinga!, pinguço, pinga!

Pinga!, pinguço, pinga!,
siga o impulso...
embora você diga
que tá tudo bem,
que tem tudo na mão,
a pinga se vinga
e não demora não,
aí,
você ginga
e vai indo pra frente
à base de soluço
e faz o percurso
seguindo a serpente,
aqui e ali,
ensaia um discurso,
mas,
à míngua do que falar,
respinga,
arrota uma quase-frase
e a quase-frase repete
e quase
desconjunta o maxilar,
e toma vaia,
e um beiço
o outro beiço besunta,
e se intromete
a língua graúda
e ajuda a besuntar,
e você xinga e pragueja,
e a nega fica louca
quando você chega
cheirando
a rama e cerveja,
e choraminga
promessa oca,
e soluça,
e praticamente
a fuça ingressa
no prato de sopa,
e desmaia na cama
sem tirar
sapato nem roupa
e dá de roncar
e de babar na fronha,
no dia seguinte,
dá uma de pedinte
e pede perdão,
mas,
não toma vergonha,
pega e toma um quente
e alega
que a mão é muito exigente!

terça-feira, maio 08, 2007

Matemática...

Quando alguém
fala bem da matemática,
por razão prática,
fico na minha,
aliás,
fico com o pé atrás,
e me explico
com a fração um quarto,
um quarto de palácio
é somente um quarto,
um quarto de barracão
é muito mais
pois quarto, sala, banheiro, cozinha,
solário e despensa
que dispensa comentário,
em um quarto de palácio,
ou dorme o casal
ou o solteiro
ou a solteira sozinha,
em um quarto de barraco,
há escala pra dormir
até em beira de esteira
que é normal
sair gente pelo ladrão,
gente que vai parar
no barraco da vizinha,
não cabe fogão
a um quarto de palácio,
mas cabe
a um de barracão,
apesar
de ter pouco bico
frente ao montão de bocas
loucas pra fazer
um tico de refeição,
e cabe o botijão de gás
que de tão vazio
enche o saco
e dá frio no estômago,
e esse é o âmago da questão,
mas,
na prática,
a conclusão é canja:
saco vazio não fica em pé
e quem não manja
não tem fé
na aplicação da matemática!