quinta-feira, maio 17, 2007

Pinga!, pinguço, pinga!

Pinga!, pinguço, pinga!,
siga o impulso...
embora você diga
que tá tudo bem,
que tem tudo na mão,
a pinga se vinga
e não demora não,
aí,
você ginga
e vai indo pra frente
à base de soluço
e faz o percurso
seguindo a serpente,
aqui e ali,
ensaia um discurso,
mas,
à míngua do que falar,
respinga,
arrota uma quase-frase
e a quase-frase repete
e quase
desconjunta o maxilar,
e toma vaia,
e um beiço
o outro beiço besunta,
e se intromete
a língua graúda
e ajuda a besuntar,
e você xinga e pragueja,
e a nega fica louca
quando você chega
cheirando
a rama e cerveja,
e choraminga
promessa oca,
e soluça,
e praticamente
a fuça ingressa
no prato de sopa,
e desmaia na cama
sem tirar
sapato nem roupa
e dá de roncar
e de babar na fronha,
no dia seguinte,
dá uma de pedinte
e pede perdão,
mas,
não toma vergonha,
pega e toma um quente
e alega
que a mão é muito exigente!