segunda-feira, setembro 24, 2007

"Miserere"

Pra miséria tão séria,
tão miserável miserê,
só se vê uma saída,
pilhéria
e mais pilhéria,
pilhéria até fazer
o miserável explodir
e morrer de rir,
miseriae finis in morte,
morte salvatéria,
enfim,
com o fim da vida,
motivo
vai ter o presunto
pra sorrir em definitivo,
apesar de não ser
politicamente correto
falar em presunto
quando o assunto
é gente e miséria,
entretanto,
como ninguém
tem poder de veto,
vou falando
e imprecando também,
miserere mei,
miserere nobis,
os pobres,
miserere,
Agnus Dei,
e mais,
vou protestando,
em matéria de léria
e de gente que se faz
com a miséria da gente,
a gente também
não fica atrás de ninguém,
aliás,
a gente fica bem na frente!

quinta-feira, setembro 20, 2007

A janela

Nada sei dessa janela,
absolutamente nada,
nem sei se é real ou não,
nunca sei extamente
se está aberta ou fechada,
e se bem ou se mal,
nem se tudo ou nada revela,
não sei nem
se, como toda janela,
tem vidro,
aduela, adufa, tramela,
armela, batente,
nem sei se tem
cremona ou ferrolho,
na verdade,
nem sei se é tela ou foto,
contudo,
boto o olho nela
que a curiosidade
sempre disperta em mim,
é assim,
não sei nada dessa janela,
absolutamente nada,
não sei nem se é real ou não,
nunca sei extamente
se está aberta ou fechada,
e se bem ou se mal,
se tudo ou nada revela,
não sei nem
se, como toda janela,
tem vidro,
aduela, adufa, tramela,
armela, batente,
nem sei se tem
cremona ou ferrolho,
não sei nem se tem cor,
e se tem,
não sei se é branca, amarela
ou se tem
outra cor qualquer,
francamente,
não sei quando é franca,
quando banca a sincera,
mas mente e faz trapaça,
nem quando não é mais
do que mera devassa,
aliás,
não sei nada dessa janela,
não sei nem
se é uma vera janela
ou se de uma quimera não passa!

quinta-feira, setembro 13, 2007

Vamos lá, porra!

Vamos lá, porra!,
vamos deixar de ser otários
e marginalizar de vez
esses vagabundos
que mundos e fundos
surrupiam dos erários!,
vamos lá, porra!,
vamos deixar de ser trouxas
e cobrar explicações
de administrações frouxas
que não evitam a ladroagem
e incitam com a frouxura
a caradura da cachorrada,
vamos lá, porra!,
vamos deixar de ser
manada de cordeiros,
ordeiros carneirinhos
que percorrem os caminhos
que quer a bandidagem
que percorra a carneirada,
vamos lá, porra!,
vamos ter gana,
astúcia, coragem,
vamos marginalizar de vez
essa súcia
que faz uma zorra danada
com nosso dinheiro!,
vamos lá, porra!,
a hora é agora,
chega de bater na trave,
vamos dar o nosso jeitinho,
o jeitinho brasileiro,
e vamos de vez
botar em cana essa cambada,
e jogar fora a chave do xadrez!

quarta-feira, setembro 12, 2007

Liberdade

Não é mote ou refrão
pra ser cantado
ao pé do ouvido,
tem que ser grito
gritado com fé,
gritado sem temor
em louvor à liberdade,
e um grito bem louco
pra ser ouvido
até por ouvido mouco:
“não ao chicote e ao grilhão!,
que a liberdade vença,
e vença aqui e agora,
e que a liberdade
a toda a gente
pertença por igual!”,
liberdade
quer chova, quer faça sol,
seja qual for a crença,
seja qual for a opinião,
liberdade
pra que libertamente
toda a gente
se mova e comova,
e de cor, raça e pendor
se promova independentemente,
“que a liberdade vença
o chicote e o grilhão,
vença aqui e agora,
e que liberdade
a toda a gente
pertença por igual!”

sábado, setembro 08, 2007

Vou pra esbórnia!

Faça drama,
mulher,
faça sim,
faça o que quiser,
entretanto,
se houver pranto,
vá chorar na cama
que a cama é lugar quente,
e lhe adianto
que não vai adiantar,
pra mim,
vai ser indiferente,
vou botar loção e panamá
e vou pra esbórnia!,
pra esbórnia!,
mulher!,
e vou esborniar
até mais não poder!,
vou beber e vou comer
sem querer saber da digestão,
assim que a canção pintar,
vou pegar uma sirigaita
e nós dois
vamos tomar conta do salão,
quando a sirigaita
estiver tonta e quase louca,
com a boca em seu ouvido,
vou fazer a sugestão,
e duvido que a pequena
se atreva a dizer não,
depois,
aquele touro
repleto de libido
vai entrar na arena
e o couro vai comer!
e a pequena
vai tremer na base
e me aplaudir de pé,
e nem vai precisar
pedir bis
que vou bisar direto,
e vou acordar
feliz com meu sonho,
e vou comer no café
aquele sonho
que pra você eu fiz!

terça-feira, setembro 04, 2007

Berra, cabrito, berra!

Berra,
cabrito,
berra a rodo
teu bendito berro,
berra um berro bom
e bem berrado
que é engodo
pra te enganar
o dito popular,
cabrito que não berra
é burro
e burro é bom
só pra quem
dele não tem dó
e nele está montado,
vamos lá,
cabrito,
guerra é guerra,
dá teu berro na marra,
tu não és de ferro
e não tens que suportar
tanta farra com teu couro,
vamos lá,
cabrito,
amarra o bode e berra,
teu tesouro é teu berro
e pode ser de ouro,
berra,
cabrito,
berra!,
e berra agora,
senão,
tua hora vai embora
e teu berro vai ser vão!