sexta-feira, julho 28, 2006

Tem a ver com uruá

Essa donas são amazonas,
não querem saber
de sócio no negócio
e o negócio delas
tem a ver com uruá,
e está dando certo,
portanto,
trate de ser esperto,
de ficar de olho aberto,
senão,
vai perder a clientela
que elas oferecem
satisfação todo dia
na extensão
que a cliente quiser
e a garantia
é sem limite
pra qualquer apetite,
e, acredite,
não adianta alegar
concorrência desleal,
já há jurisprudência
afirmando que é legal!,
é...
já soou o alarma!,
para não ter
que pedir falência,
parece que o único jeito
é você ter peito
pra lutar com arma igual!,
quer dizer,
com arma adicional!

quinta-feira, julho 27, 2006

Samba ao alho e óleo!

Receita ou partitura,
eis a questão?!,
a questão que sujeita
esta criatura insegura!,
não sei se o feijão cato e cozinho
ou se dou um trato
no cavaquinho e no tarol?!,
não sei se preparo
vianda e verdura
ou se encaro a banda
pra torrar a gordura
e fazer jorrar o colesterol,
não sei se faço acém
com coentro e couve
ao óleo e alho,
como houve por bem
ordenar a patroa,
ou se entro no samba
com a Nilmária,
moleca danada de boa?!,
eureca!,
achei a solução!,
vou cair no samba,
samba ao alho e óleo!,
assim,
vou evitar galho e imbróglio
na minha área,
vai por mim!,
que vou me espalhar no bloco
sem tirar o foco
da obrigação culinária!

quarta-feira, julho 26, 2006

Pomba, que 'piromba'!

Nego me arrasa
e zomba de mim,
é sim!,
e zomba nego idoso,
nego moço e formoso,
nego obscuro e nego famoso,
nego claro e nego escuro,
não raro,
até senhora,
e toda hora
minha casa tomba
e vai pro fosso
que alguém se empomba,
ribomba
e arromba
meu portão chinfrim,
e vem com aquela tromba,
e é só negão da maromba,
e tome pitomba
e bomba na cabeça,
pomba,
que piromba!,
seja lá o que isso for,
não há quem mereça
esta hecatomba,
por favor,
chega de tanta gente com lomba,
de tanta gente
em festa de arromba,
de tanta zorra,
chega de tanta afronta,
porra!,
que só eu pago esta conta!

Zé Arisco

"Marcha soldado,
cabeça de papel,
se não marchar direito,
vai preso pro quartel,"
não,
tu não vais não,
menino de rua,
vais pr'alguma vala
cavada nesse inferno,
neste eterno desatino,
que o fuzil atira,
a bala não é de mentira
e rasga tuas entranhas,
e te perdes,
enquanto abocanhas teu soldo,
soldo de soldado
lotado em ruelas, becos e favelas,
"Pai Francisco entrou na roda,
tocando o seu violão,
pororompompom,
vem de lá seu delegado,
e Pai Francisco vai pra prisão,
como ele vem todo requebrado,
parece um boneco desengonçado...”,
"Zé Arisco entrou na coça,
botou sangue do pulmão,
pororompompom,
o pessoal ficou calado
e Zé Arisco foi pro caixão,
como ele foi muito torturado,
morreu um menor abandonado...”,
assim,
vais indo por aí,
pois quem devia,
não zela por ti,
te larga vestido nessa pele amarela,
azul de fome,
passando em branco,
sem letra e sem nome,
entre pungas e malotes de bancos,
embora verde ainda,
já findas qualquer dia,
e velas, touca, sunga, numa noite fria,
"murcha coitado,
pereça por guinéu,
vão te pegar de jeito,
deixar teu corpo ao léu,
murcha coitado,
pereça por guinéu,
vão te pegar de jeito,
deixar teu corpo ao léu,
murcha coitado,
pereça por guinéu,
..."

domingo, julho 23, 2006

Que derrota!

Que derrota!,
só a muito custo
levantei o ferro
e toquei o barco,
mas,
me perdi na rota
e quase fui a pique,
justo eu
que me encharco
de mares de bebida,
justo eu
que erro todos os bares
e aos bares
diariamente vou a pé,
e saio em linha reta
e de seta não necessito
na hora de ir embora,
justo eu,
quase um mito,
chamado até de alambique
por rivais e concorrentes,
justo eu
que bebo
simultaneamente
quente e gelado,
justo eu
que o expediente
nunca encerro
sem antepenúltima, penúltima,
saideira, expulsadeira
e outras que tais,
justo eu,
beberrão inveterado,
fiquei daquela maneira
e dei à platéia
razão pra achar graça,
e me derrubou a Azaléia,
é isso mesmo,
e um amor de Azaléia,
delicada e bela como a flor,
rapaz,
que mancada eu dei!,
um gole a mais,
mais um chouriço,
mais um torresmo,
e passei vergonha,
e ponha vergonha nisso!,
eu passei da linda
e a linda me venceu,
e fiquei um tanto
mole e bambo,
pudim de cachaça
dançando mambo,
e ela,
que assombro!,
estava ali
esbanjando raça,
rija que nem poste,
e falou assim:
“se encoste aqui
no meu ombro
que eu garanto!”,
e ainda
me sacaneou:
“só não mija em mim!”

sexta-feira, julho 21, 2006

Não há moral que resista!

Tome bandalha!,
tome falcatrua!,
e a gentalha
cada vez mais pálida,
cada vez mais esquálida,
cada vez mais sem dente,
quando sai pra rua,
bóia nua
ao léu da corrente
do esgoto a céu aberto
sem saber ao certo
aonde vai dar,
sem falar
no assédio do ladrão,
quando se apóia,
se apóia
num salário escroto,
e é sacaneada
até no ludopédio
que já deu satisfação,
mas,
do salafrário esperto
não escapa nem um vintém,
a velhacada rapa
cada cobre da escola,
enfia a mão
no do remédio do ancião,
deita e rola
no do rango do pobre,
se deleita
com o que devia servir
pra construir morada
e não permite que sobre
nem um tostão
pra ser investido
no samango subnutrido,
eu lhe peço perdão,
mas,
por mais que eu evite,
não dá
pra não ser pessimista
à vista de tanta descaração,
e a descaração
tanto cresce por aqui
que parece
não ter limite nem solução,
acho até
que não é
só questão de putaria,
é perversão,
perversão total,
perversão genética,
hereditária qual alergia,
aí...
a ética é secundária,
não há moral que resista!

terça-feira, julho 18, 2006

Deixe de moda comigo

Deixe de moda comigo
que você
não me engoda
quando se faz de boba
e vem com essa conversa fiada
de oba-oba
em que só amizade rola,
eu não entro nessa!,
comigo,
essa parada não cola,
estou bem por dentro
desse negócio de amigo
que faz festa
sem maldade,
e mais,
não quero sócio
nessa empreitada
nem adorno na testa,
sei que você
pinta e borda
no centro da roda
quando não estou de olho,
agora,
acabou a sopa,
ou você vira
senhora distinta
e transpira
no forno e no fogão,
ou vai
pro olho da rua,
mas,
nua não vai não,
vai com a roupa do corpo!,
aquela túnica singela,
sua roupa do corpo única,
que as demais eu lhe dei!,
e sei que você sabe
que nela
você já não cabe!

segunda-feira, julho 17, 2006

O normal é não ser são!

Há louco demais,
louco
que não acaba mais,
louco que se gaba de ser
e louco que se gaba
de não ser louco,
louco
que ficou louco de uma vez
e louco que se fez louco
pouco a pouco,
há louco minguado e louco farto,
há aqualouco
e louco que não sai da água,
louco que mágoa guarda
e louco que não guarda,
louco avaro e louco pródigo,
louco caro e louco módico,
louco claro e louco confuso,
há louco
que é um livro aberto,
livro escrito
pra que entenda até analfabeto,
e louco abstruso e secreto
que não desvenda
nem o sábio
mais hábil e louco,
há louco certo e louco errado,
louco desregrado
e louco metódico,
louco culto e erudito
e louco de código bem restrito,
há louco adulto e louco infantil,
louco que vive a mil
e louco desanimado,
há louco,
cá entre nós,
que já era danado de louco
lá no ventre,
louco nato,
e há louco
que ficou louco
após o parto,
ficou louco
em função do contato,
ou, então,
porque fez voto,
há louco
trancado no quarto
e louco
solto no meio da rua,
há louco
que só fica louco
se alguém disser
que ele é louco
e louco
que louco fica
se se disser
que louco ele não é,
é muito louco, né?!,
há louco de feito e de fato
que sempre dá um jeito
de sair bem na foto
e louco que fica na sua,
que não quer sair na foto
de jeito nenhum,
há louco
louco por zero a zero,
por um a um, dois a dois, três a três
por um a zero ou zero a um,
ou por um, dois, três
ou até mais,
e até de uma vez,
pois louco capaz de topar
qualquer placar,
há louco
que acha o fino
imitar louco famoso
e louco que acha horroso
não ser um louco genuíno,
há louco
tão louco pelo seu louco nicho
que é capaz
de se irritar e virar bicho
se vier algum louco
atrás do seu louco lugar
e há louco
que jamais sossega,
não se apega nem ao lar,
há louco titular e louco reserva,
há louco
que é fogo na roupa,
faz a maior zorra
e nos faz ter inveja
de sua régia porra-louquice
e louco cuja maluquice
não nos poupa,
nos faz sentir muito dó,
há louco com e sem medida,
há louco com doidice suja
que ficou louco
por causa de pó, erva,
bebida e jogo,
fuja desse louco
que esse louco é fogo!,
e há o louco por romance
que não perde a chance
de ficar louco
de paixão por uma mulher,
há louco que finge ser esfinge
porque não quer
dar explicação
sobre essa vida louca
e o louco
que fala pelos cotovelos
e o faz literalmente,
e não se cala
apesar de todos os apelos,
há louco inteligente e fidalgo,
e o louco tacanho e grosso,
há louco comum e louco estranho,
louco justo e louco injusto,
há louco
com muita aptidão
pra qualquer coisa louca
e louco com muito pouca,
há louco vetusto e louco moço,
louco esgalgo e louco atarracado,
há louco
que não liga pra nada
e louco ligado em cada tostão,
há louco sem poder
e louco com poder
saindo pelo ladrão,
em geral,
podres poderes,
como disse o Caetano,
há loucos com e sem haveres,
e os sem
não são poucos,
há loucos
de tudo que é sorte,
do louco insano e rasgado
ao louco com porte
e bem posto,
louco por gosto,
o chamado louco por esporte,
conclusão:
em razão da loucura
da conjuntura atual,
o normal
é não ser são!

Essa carne fraca me fez fazer feio

Essa carne fraca
me fez fazer feio
e levar vaia
quando saí de maca
ainda no meio
da primeira etapa,
e cheguei até a pensar
que tinha
o mapa da mina,
que besteira!,
a menina recatada
sob a saia justa
era quem tinha,
quem diria!,
era ela quem tinha...
e a cacofonia
é bem apropriada,
e de saia justa eu fiquei
quando tirei a dela,
que bastou uma soprada
e se apagou a vela,
e eu estava crente
que ia alumiar o ambiente
de ponta a ponta,
é...
a vela que antes algo valia
não vale agora nem um tusta,
bem,
como não sou mais criança,
é hora de mudança,
e já mudei
da água pro vinho,
daqui pra frente,
só vou com o azulzinho!

Que tititi!

Esse tititi
não é um tititi à-toa
e vai dar pano pra mangas,
e pra mangas
de batina e albornoz,
aliás,
cá entre nós,
vai ser a redenção
de uma multidão de otários,
os maridos traídos
para os quais o Ricardão
foi muito mais do que algoz,
pegaram a traição em pessoa
e decano da Associação
dos Usuários da Senhora Alheia
todo prosa numa canga rosa
e com uma pequenina
tanga de crochê
cheia de miçanga e paetê,
agora,
a tranqüilidade marital
é total e manifesta,
você já pode deixar
sua cara-metade
ir com a vizinha
àquela atividade social vespertina
sem recear contrair
aquele probleminha na testa
para o qual não há vacina!

sábado, julho 15, 2006

Uma vez carioca da gema...

Uma vez carioca da gema,
carioca da gema até gemer,
uma vez carioca da gema,
carioca da gema até gemer
de tanto beber gemada
com gema choca,
gema de ovo
sem clara nem casca,
gema de ovo
cada vez mais estranha,
mas,
o carioca da gema não pára,
rema e nada,
e não ganha nem empata,
apanha,
e tome porrada na lata
que o pau come!,
mas não faz mal,
o carioca da gema
nada e rema de novo
e mais ainda se lasca,
e torna a remar e a nadar,
e bóia
que a ladainha
cada vez mais
tem mais abobrinha,
e, por trás,
mais barganha e tramóia,
e de novo
rema o carioca da gema
e nada,
nada de paz,
nada de casa,
nada de escola,
nada de hospital
e nem sinal de emprego,
e o nego carioca da gema
só não se arrasa
porque se consola
com uma talagada de goró,
aí,
não se abala com toró,
com condução
ruim de dar dó,
nem com bala e ladrão,
se for chinfrim então,
nem nota,
e o carioca da gema,
por mais que torça,
já não tem força
pra puxar brasa
pra sua sardinha,
pra encarar
a alta da farinha
que tanta falta
faz ao pirão,
uma vez carioca da gema,
carioca da gema até gemer,
uma vez carioca da gema,
carioca da gema até gemer...

sexta-feira, julho 14, 2006

O meu ideal!

Lá no prédio
mora a Berenice
que foi misse
quando
ainda não havia fio-dental
e foto de misse
publicava o jornal,
e a Berenice me disse
que andava com tédio
e que era hora
de agarrar um ideal,
então,
fiz uma tolice,
lhe ofereci o meu
só pra ser gentil,
mas,
a maluca ficou a mil
e quebrou um pau!,
e como doeu!,
e nem cheguei a botar
meu ideal pra fora!,
onde já se viu?!,
é...
hoje em dia,
não dá mais
pra ser educado
nem pra tentar
fazer uma cortesia,
além de ter apanhado,
fui processado
por assédio sexual,
e o Sinédio,
marido da maluca,
diz que eu não presto
e que está decidido,
vai usar uma bazuca
pra dar cabo
de cabo a rabo
do meu ideal!,
que é até
um ideal bem modesto!,
o que é que eu faço agora,
pessoal?,
mas,
meu amigo,
se você
não for qual o Sinédio,
enquanto meu ideal
não se evapora,
se sua senhora precisar
debelar o tédio,
mande-a falar comigo
que eu lho empresto!

quarta-feira, julho 12, 2006

Alma nômade

Alma nômade,
de quando em quando,
me abandona
sem alerta ou aviso,
deixa a porta aberta
e me deixa solto,
então,
vêm à tona
aquela vontade torta e frouxa
e fico envolto numa colcha
de desejos imprecisos,
mais lampejos
que outra coisa qualquer,
é um efêmero fogo
que não sustenta,
não alenta
bons beijos, bons abraços,
alma nômade
que se desatrela de mim
quando mais preciso dela
e me devasso
num jogo
de não poucas
loucas aventuras,
uma procura
que não tem fim,
minha alma é assim
e me faz inconstante,
me desassossega,
me nega a todo instante
o prazer de fazer
um afago menos breve,
me nega o prazer
de fazer afago
como se deve,
afago profundo,
aí,
vagabundo pela luxúria
aqui e ali,
e vagabundo
com aquela fúria
de quem não sabe o quer,
de quem não sabe sequer
se o que quer quer saber!