sexta-feira, julho 21, 2006

Não há moral que resista!

Tome bandalha!,
tome falcatrua!,
e a gentalha
cada vez mais pálida,
cada vez mais esquálida,
cada vez mais sem dente,
quando sai pra rua,
bóia nua
ao léu da corrente
do esgoto a céu aberto
sem saber ao certo
aonde vai dar,
sem falar
no assédio do ladrão,
quando se apóia,
se apóia
num salário escroto,
e é sacaneada
até no ludopédio
que já deu satisfação,
mas,
do salafrário esperto
não escapa nem um vintém,
a velhacada rapa
cada cobre da escola,
enfia a mão
no do remédio do ancião,
deita e rola
no do rango do pobre,
se deleita
com o que devia servir
pra construir morada
e não permite que sobre
nem um tostão
pra ser investido
no samango subnutrido,
eu lhe peço perdão,
mas,
por mais que eu evite,
não dá
pra não ser pessimista
à vista de tanta descaração,
e a descaração
tanto cresce por aqui
que parece
não ter limite nem solução,
acho até
que não é
só questão de putaria,
é perversão,
perversão total,
perversão genética,
hereditária qual alergia,
aí...
a ética é secundária,
não há moral que resista!