Aí,
mano,
será que sou cartesiano?,
penso, logo existo,
ou,
talvez,
existo, logo penso?!,
pensando bem,
tanto faz como tanto fez,
afinal de contas,
não sou francês,
não sei a quantas ando
nem como anda
minha conta lá no banco,
aliás,
e sendo muito franco,
quem é você
pra me julgar?!,
um pobre mortal
que grita “heureca!”
ao se excitar
com fama e cobre,
mas,
não recita Pessoa e Bandeira
e não loa Dante, Lorca e Kant,
e chora
no final do drama,
e numa cabeceira
de uma cama de motel
se enforca
com a calcinha da boneca
que dá o fora
protegida por um véu
pra não ser reconhecida,
aí, mano,
ser ou não ser (cartesiano),
eis a minha questão!?,
então,
pra não perder a pose,
como outro torresmo
e tomo outra dose
de mel com purinha,
por fim,
no pico da emoção,
me ufano
do meu tirocínio
e dou um close nos treze titulares,
e não me goze,
meu cupincha,
são treze titulares mesmo
que seleção sem eles é besteira:
Ary,
Noel, Aldir, Lupicínio e Cartola,
Caetano, João Nogueira e Pichinguinha,
Garrincha, Chico, Vinícius, Pelé e Silas de Oliveira,
e regendo a seleção Tom Jobim,
e fico vendo as filas
na frente do Opinião
e gente paca
assistindo ao show de bola
e aplaudindo gol de placa!
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Um segundo sem você
Você é a graça da vida!,
do meu sonho, enfeite,
do meu peito,
deleite e sossego,
feito aconchego
de praça florida
em avenida
coberta de pressa,
da ferida aberta,
é compressa,
gaze e unguento,
e ponho
e a dor passa
e a brecha se fecha,
e você
me anima a alma
quando da lida
chego quase morto,
em meio
a vento e temporal,
você é porto e esteio,
e me abraça,
acalma e me dá alento,
ainda por cima,
linda e sensual,
lança no ar
o cheiro do amor
que me faz virar
criança embevecida
no conforto do quarto,
mas,
um segundo sem você
e me afundo
em desespero de aborto
sangrando a esperança do parto!
do meu sonho, enfeite,
do meu peito,
deleite e sossego,
feito aconchego
de praça florida
em avenida
coberta de pressa,
da ferida aberta,
é compressa,
gaze e unguento,
e ponho
e a dor passa
e a brecha se fecha,
e você
me anima a alma
quando da lida
chego quase morto,
em meio
a vento e temporal,
você é porto e esteio,
e me abraça,
acalma e me dá alento,
ainda por cima,
linda e sensual,
lança no ar
o cheiro do amor
que me faz virar
criança embevecida
no conforto do quarto,
mas,
um segundo sem você
e me afundo
em desespero de aborto
sangrando a esperança do parto!
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
"Quem sai aos seus não degenera"!
Minha nora
é um azougue
e adora mordomia,
e todo dia à fava
manda o domicílio,
e meu filho junto,
e não faz açougue,
quitanda, padaria,
e não é só,
não cozinha,
não lava, não passa
e da mobília não tira o pó,
e ela apela e cala
quem a contraria
e fala no assunto,
todavia,
é nessa ocasião
que meu orgulho
revela a raça da família,
não se aporrinha
nem faz barulho,
se vira como dá
e até do bebê é a babá,
e a nora todo dia
na rua bate perna
e se extrema na gandaia,
é praia, boate, cinema,
academia de ginástica,
na condição
de atração turística,
é a bamba
que se sacode mais
no samba e no pagode,
e faz depilação artística,
alterna
plástica e lipoaspiração
e com silicone
amplia a geografia,
e se interna em spa
pra recuperar a energia,
e não atende nem telefone,
e como rende a internação!,
e no lar,
pra se exercitar,
anda nua na varanda
e não para de dizer:
“o que é bonito é pra se ver”,
mas,
meu filho é fera
e também tem seu dito:
“quem sai aos seus não degenera”!
é um azougue
e adora mordomia,
e todo dia à fava
manda o domicílio,
e meu filho junto,
e não faz açougue,
quitanda, padaria,
e não é só,
não cozinha,
não lava, não passa
e da mobília não tira o pó,
e ela apela e cala
quem a contraria
e fala no assunto,
todavia,
é nessa ocasião
que meu orgulho
revela a raça da família,
não se aporrinha
nem faz barulho,
se vira como dá
e até do bebê é a babá,
e a nora todo dia
na rua bate perna
e se extrema na gandaia,
é praia, boate, cinema,
academia de ginástica,
na condição
de atração turística,
é a bamba
que se sacode mais
no samba e no pagode,
e faz depilação artística,
alterna
plástica e lipoaspiração
e com silicone
amplia a geografia,
e se interna em spa
pra recuperar a energia,
e não atende nem telefone,
e como rende a internação!,
e no lar,
pra se exercitar,
anda nua na varanda
e não para de dizer:
“o que é bonito é pra se ver”,
mas,
meu filho é fera
e também tem seu dito:
“quem sai aos seus não degenera”!
terça-feira, fevereiro 09, 2010
Você vai pro "Guinesse"!
Você reclama tanto do fado!,
mas,
enquanto
deplora a situação ruim
e alardeia estado crítico
entre prece e imprecação,
no colchão
maloca a dinheirama,
amiga,
você chora
de barriga cheia
e jamais troca o disco,
parece até dona de botequim!,
qual político em campanha
com sua manha emociona o povão,
comove credor durão,
cobrador arisco
e demove até ladrão
do intento de te assaltar,
e, não raro,
encena cena
em que padece de estresse
e consegue uma façanha,
consegue arrancar
pena e benesse
de avaro avarento!,
é...
a qualquer momento,
mulher,
você vai pro “Guinesse”!
mas,
enquanto
deplora a situação ruim
e alardeia estado crítico
entre prece e imprecação,
no colchão
maloca a dinheirama,
amiga,
você chora
de barriga cheia
e jamais troca o disco,
parece até dona de botequim!,
qual político em campanha
com sua manha emociona o povão,
comove credor durão,
cobrador arisco
e demove até ladrão
do intento de te assaltar,
e, não raro,
encena cena
em que padece de estresse
e consegue uma façanha,
consegue arrancar
pena e benesse
de avaro avarento!,
é...
a qualquer momento,
mulher,
você vai pro “Guinesse”!
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
É a sua estrada
Vá atrás do seu norte,
rapaz,
é a sua estrada,
e, se puder,
os pés do chão
não tire por nada,
não tire nem por mulher!,
mas,
por precaução,
moço,
reze forte
e leve no bolso
figa, breve e patuá,
de resto,
seja modesto,
preze seu semelhante,
fique distante de briga,
intriga, angu-de-caroço
e principalmente de vício,
e mais,
não é necessário
ficar indiferente ao tutu,
mas,
não se encante
a ponto de ficar tonto
ou de se tornar mercenário,
por revés ou embate
abater não se deixe
e, se cair,
mesmo sendo difícil,
se levante
e trate de ir adiante,
mas,
é importante
aprender a lição
pra seguir
vendendo seu peixe,
porém,
história não invente
que tem gente
que tem boa memória
e quem tem
nem sempre é gente boa,
e não esqueça
que pode aquecer
a cabeça do rival
tentar dar olé
ou ganhar no grito,
e nunca,
nunca cante vitória
antes do apito final,
depois,
por favor,
não pinte
com o perdedor,
ofereça a sua mão,
pois o instante seguinte
uma interrogação sempre é!
rapaz,
é a sua estrada,
e, se puder,
os pés do chão
não tire por nada,
não tire nem por mulher!,
mas,
por precaução,
moço,
reze forte
e leve no bolso
figa, breve e patuá,
de resto,
seja modesto,
preze seu semelhante,
fique distante de briga,
intriga, angu-de-caroço
e principalmente de vício,
e mais,
não é necessário
ficar indiferente ao tutu,
mas,
não se encante
a ponto de ficar tonto
ou de se tornar mercenário,
por revés ou embate
abater não se deixe
e, se cair,
mesmo sendo difícil,
se levante
e trate de ir adiante,
mas,
é importante
aprender a lição
pra seguir
vendendo seu peixe,
porém,
história não invente
que tem gente
que tem boa memória
e quem tem
nem sempre é gente boa,
e não esqueça
que pode aquecer
a cabeça do rival
tentar dar olé
ou ganhar no grito,
e nunca,
nunca cante vitória
antes do apito final,
depois,
por favor,
não pinte
com o perdedor,
ofereça a sua mão,
pois o instante seguinte
uma interrogação sempre é!
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
Papel de tolo
Minha deusa
me fez
perder a medida
e no altar
fui parar feliz da vida,
e fiz papel de tolo
já na lua de mel
que a Creusa
ou me deu bolo
ou não me deu bola,
e na piscina entrou nua
e o hotel todo viu
e da sua cola
não saiu mais,
mas,
fez beicinho,
jeitinho
de menina pura,
e fez jura e culpou
o sol e o pilequinho
e implorou meu perdão,
e, quem diria,
caí no anzol e dei,
aí,
arrastei de vez a mala
e no machão
ela entrou de sola,
fez o menestrel
largar esquina e viola
pra tocar pia
e fogão na maloca,
proibiu
cueca na sala
e futebol na tevê,
proibiu
pelada dominical
e até soneca vespertina,
e em troca
nunca me deu nada
que sofria
de cefaleia caseira,
mas,
por filantropia,
vivia faceira
pra lá e pra cá
de domingo a domingo,
era feira, bingo, coquetel,
almoço, café, jantar,
lanche, brunch, chá,
pré-estreia, festival,
e a lista era um colosso,
e nunca ia a pé
que sempre tinha motorista,
aliás,
quando olhei bem o rol,
passei até
a achar natural sair de chapéu
pra não descobrir a rasa e a testa,
agora,
não me resta mais nada
que a Creusa
só me deu despesa
e com uma bela cilada
acabou de me arrasar,
me jogou
pra fora de casa
como um ciclone,
arranjou patrono
e me denunciou
por abandono do lar,
e solicitou pensão
pra ela e pro Bibi,
nosso guri e clone do Ricardão!
me fez
perder a medida
e no altar
fui parar feliz da vida,
e fiz papel de tolo
já na lua de mel
que a Creusa
ou me deu bolo
ou não me deu bola,
e na piscina entrou nua
e o hotel todo viu
e da sua cola
não saiu mais,
mas,
fez beicinho,
jeitinho
de menina pura,
e fez jura e culpou
o sol e o pilequinho
e implorou meu perdão,
e, quem diria,
caí no anzol e dei,
aí,
arrastei de vez a mala
e no machão
ela entrou de sola,
fez o menestrel
largar esquina e viola
pra tocar pia
e fogão na maloca,
proibiu
cueca na sala
e futebol na tevê,
proibiu
pelada dominical
e até soneca vespertina,
e em troca
nunca me deu nada
que sofria
de cefaleia caseira,
mas,
por filantropia,
vivia faceira
pra lá e pra cá
de domingo a domingo,
era feira, bingo, coquetel,
almoço, café, jantar,
lanche, brunch, chá,
pré-estreia, festival,
e a lista era um colosso,
e nunca ia a pé
que sempre tinha motorista,
aliás,
quando olhei bem o rol,
passei até
a achar natural sair de chapéu
pra não descobrir a rasa e a testa,
agora,
não me resta mais nada
que a Creusa
só me deu despesa
e com uma bela cilada
acabou de me arrasar,
me jogou
pra fora de casa
como um ciclone,
arranjou patrono
e me denunciou
por abandono do lar,
e solicitou pensão
pra ela e pro Bibi,
nosso guri e clone do Ricardão!
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