sexta-feira, janeiro 29, 2010

Ninfomania

Se alguém
que quer o seu bem
chama a atenção dessa mulher,
ela se faz de surda
e nem sequer se abala,
ou, então,
se faz de santa, se espanta
e fala em balela e blasfêmia,
mas,
cada vez mais
se chafurda na lama
pois se deita
em qualquer cama
com uma fêmea qualquer
e não rejeita
cacho com macho,
e com dois e com três
e até com bem mais
que nunca diz não,
e não enjeita bis
aceita tara e castigo
e não bufa,
e come e não se sacia,
e o umbigo estufa
e sua fome não para,
seu nome: Ninfomania!

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Pra você

Você se lixa
cem por cento
pro que eu digo,

e ao se lixar
você até capricha
no ar e no argumento,

fala
que já não falo
coisa com coisa
porque sou antigo,
caí da moda,
da roda
e nem percebi,

fala
que resvalo
realidade abaixo,
mergulho no irreal
e me sinto
o dono da verdade
quando me sento
em meu trono,
um trono ideal,
é claro,

aí,

segundo você,

escancaro o frenesi
e vou ao fundo do nada
à procura de não sei o quê,

e o nada vasculho
com um facho extinto
e verso minha loucura,

e torço, distorço, confundo,

aumento, invento e tergiverso,

e não me calo,

enfim,
do prólogo até o fim
vou sem escala,
sem régua, trégua ou intervalo,

e o monólogo
não tem pé nem cabeça,

talvez esteja mesmo
ficando louco
e falando a esmo,
e, apesar do rigor,
mereça o que você me fala,

mas,
não minto
quando falo
que não é pouco
o amor
que por você eu sinto,

não minto
quando falo
que amo você,
que amo você demais,

e mesmo rouco
vou continuar falando
que por você
sou capaz de tudo,

só não sou capaz de ficar mudo!

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Meu horário político

Arco com a responsabilidade,
fiz coisas do arco-da-velha,

abusei
e levei ao desespero
a coitada da Amélia,

e traí o amor
de uma mulher de verdade
com uma flor qualquer
de um canteiro da madrugada

e a flor botei fora
sem sequer perguntar sua graça,

fumei, bebi cachaça,

joguei
e ostentei quando ganhei,
e não perdoei o perdedor,

agora,
pedi pra não pagar quando perdi,

pra me exibir
e divertir os presentes,
pra discutir
até os dentes me armei

e fui cruel

e destilei meu fel
na hora da discussão,

sem dó
fiz pilhéria, piada e gozação,

fui credor inclemente
e deixei devedor na miséria,

envenenei
a mente do povão
e reduzi a pó
a reputação de gente séria,

mas,
só de gente que me fez oposição,

sou assim,
é fato,

jogo o jogo
e no fogo a mão
não boto nem por mim,

e pronto,

e sou candidato,

que venha a eleição!,

e conto com seu voto!

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Pra que serve?

Essa verve
pra que lhe serve
se você ferve à toa
e transborda o caldeirão?,

então,
no outro dia,
acorda
e vê que não está
exatamente numa boa,

perdeu o emprego
que falou na frente do patrão
o que nunca devia ter falado,

apanhou
porque foi exagerado,
elogiou demais a vizinha
e o marido vinha bem atrás,

aliás,
pela cozinha,
o zunzum chegou
ao conchego do lar
e ao ouvido da patroa
que determinou o jejum,
suspendeu o chamego
e resolveu
dar folga à rascoa,

e mais,
acorda amassado e no xilindró,
e recorda
que não só se defendeu,
foi bem além,
tirou onda, deu sermão
e desacatou o delegado!,

me responda,
pra que serve
essa sua verve
se à toa
você se empolga e ferve
e transborda o caldeirão?!

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Não dá pra comparar

Grande sacada que nada!,
criatura,
deixe de besteira
e seu peixe ruim
vá vender noutro lugar,

pra início de conversa,
grande sacada
é coisa bem diversa,
é a de cobertura
de edifício
da Delfim Moreira
decorada com requinte
e debruçada sobre o mar,

o papo é o seguinte,
meu camarada,
não dá pra comparar
cachaça com mulher,

em matéria de pinga,
a 51 é boa ideia sim,
e que ideia boa!,
e não dá
pra não apreciar,

mas,
em matéria
de graça e de ginga,
é outro o papo,
boa ideia é a de 20,
e mulher linda,
ainda sem celulite
e manequim 42,

depois,
evite sonhar se puder!