Você se lixa
cem por cento
pro que eu digo,
e ao se lixar
você até capricha
no ar e no argumento,
fala
que já não falo
coisa com coisa
porque sou antigo,
caí da moda,
da roda
e nem percebi,
fala
que resvalo
realidade abaixo,
mergulho no irreal
e me sinto
o dono da verdade
quando me sento
em meu trono,
um trono ideal,
é claro,
aí,
segundo você,
escancaro o frenesi
e vou ao fundo do nada
à procura de não sei o quê,
e o nada vasculho
com um facho extinto
e verso minha loucura,
e torço, distorço, confundo,
aumento, invento e tergiverso,
e não me calo,
enfim,
do prólogo até o fim
vou sem escala,
sem régua, trégua ou intervalo,
e o monólogo
não tem pé nem cabeça,
talvez esteja mesmo
ficando louco
e falando a esmo,
e, apesar do rigor,
mereça o que você me fala,
mas,
não minto
quando falo
que não é pouco
o amor
que por você eu sinto,
não minto
quando falo
que amo você,
que amo você demais,
e mesmo rouco
vou continuar falando
que por você
sou capaz de tudo,
só não sou capaz de ficar mudo!