segunda-feira, janeiro 18, 2010

Pra você

Você se lixa
cem por cento
pro que eu digo,

e ao se lixar
você até capricha
no ar e no argumento,

fala
que já não falo
coisa com coisa
porque sou antigo,
caí da moda,
da roda
e nem percebi,

fala
que resvalo
realidade abaixo,
mergulho no irreal
e me sinto
o dono da verdade
quando me sento
em meu trono,
um trono ideal,
é claro,

aí,

segundo você,

escancaro o frenesi
e vou ao fundo do nada
à procura de não sei o quê,

e o nada vasculho
com um facho extinto
e verso minha loucura,

e torço, distorço, confundo,

aumento, invento e tergiverso,

e não me calo,

enfim,
do prólogo até o fim
vou sem escala,
sem régua, trégua ou intervalo,

e o monólogo
não tem pé nem cabeça,

talvez esteja mesmo
ficando louco
e falando a esmo,
e, apesar do rigor,
mereça o que você me fala,

mas,
não minto
quando falo
que não é pouco
o amor
que por você eu sinto,

não minto
quando falo
que amo você,
que amo você demais,

e mesmo rouco
vou continuar falando
que por você
sou capaz de tudo,

só não sou capaz de ficar mudo!