quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Papel de tolo

Minha deusa
me fez
perder a medida
e no altar
fui parar feliz da vida,
e fiz papel de tolo
já na lua de mel
que a Creusa
ou me deu bolo
ou não me deu bola,
e na piscina entrou nua
e o hotel todo viu
e da sua cola
não saiu mais,
mas,
fez beicinho,
jeitinho
de menina pura,
e fez jura e culpou
o sol e o pilequinho
e implorou meu perdão,
e, quem diria,
caí no anzol e dei,
aí,
arrastei de vez a mala
e no machão
ela entrou de sola,
fez o menestrel
largar esquina e viola
pra tocar pia
e fogão na maloca,
proibiu
cueca na sala
e futebol na tevê,
proibiu
pelada dominical
e até soneca vespertina,
e em troca
nunca me deu nada
que sofria
de cefaleia caseira,
mas,
por filantropia,
vivia faceira
pra lá e pra cá
de domingo a domingo,
era feira, bingo, coquetel,
almoço, café, jantar,
lanche, brunch, chá,
pré-estreia, festival,
e a lista era um colosso,
e nunca ia a pé
que sempre tinha motorista,
aliás,
quando olhei bem o rol,
passei até
a achar natural sair de chapéu
pra não descobrir a rasa e a testa,
agora,
não me resta mais nada
que a Creusa
só me deu despesa
e com uma bela cilada
acabou de me arrasar,
me jogou
pra fora de casa
como um ciclone,
arranjou patrono
e me denunciou
por abandono do lar,
e solicitou pensão
pra ela e pro Bibi,
nosso guri e clone do Ricardão!