quarta-feira, julho 12, 2006

Alma nômade

Alma nômade,
de quando em quando,
me abandona
sem alerta ou aviso,
deixa a porta aberta
e me deixa solto,
então,
vêm à tona
aquela vontade torta e frouxa
e fico envolto numa colcha
de desejos imprecisos,
mais lampejos
que outra coisa qualquer,
é um efêmero fogo
que não sustenta,
não alenta
bons beijos, bons abraços,
alma nômade
que se desatrela de mim
quando mais preciso dela
e me devasso
num jogo
de não poucas
loucas aventuras,
uma procura
que não tem fim,
minha alma é assim
e me faz inconstante,
me desassossega,
me nega a todo instante
o prazer de fazer
um afago menos breve,
me nega o prazer
de fazer afago
como se deve,
afago profundo,
aí,
vagabundo pela luxúria
aqui e ali,
e vagabundo
com aquela fúria
de quem não sabe o quer,
de quem não sabe sequer
se o que quer quer saber!