quinta-feira, novembro 27, 2008

Pós-pós-moderno

Sem caco e sem bagagem,
com um fraco pelo logro,
mas,
sem queda pra raposa,
e sem moeda
pra comprar
passagem à vista,
só do sogro da esposa
deu pra tomar dinheiro,
e tomei o da entrada
e fiz a pista
no primeiro pau-de-arara
com a cara e a coragem,
e não paguei mais nada,
foi assim
que zarpei de Brocoió,
e só me mandei
porque ficou o dia-a-dia
com o saco cheio de mim,
e pintei essa tela
porque sonhei
com uma bobagem
no meio da viagem,
e eu e ela
acabamos em Babaquara,
todavia,
nem percebi
que fosca e sem sal
a quimera era também,
por sinal,
e cá entre nós,
ainda não sabia
que carecia usar lente
como tanta gente carece,
mas,
sem querer,
acertei na mosca
e, se soubesse,
faria prece
pra agradecer
à santa miopia
o passo inaugural
do pós-pós-moderno
que me fez virar protagonista,
agora,
sou um artista genial
e você me adora
porque me vendo caro,
saio em capa de revista
e, não raro,
no tapa com alguém
que me desgoverno,
e bem amiúdo dou
entrevista a jornal e tevê
porque entendo de tudo!