sábado, abril 04, 2009

Don Juin

Tenho pra mim
que por falta não foi,
não foi
por falta de empenho
que comi ruim,
e como insisti!,
também não foi
por discriminação
na hora do bote
que não saí bonito na foto
que tenho dito
desde molecote:
“sem distinção de raça, praça e credo!”,
e dessa linha
nunca me arredei
e ainda não me arredo!,
mas,
quando como sardinha,
camarão eu não arroto,
acredito
que fiz o que pude
com o fito de ter sucesso,
meu irmão,
que agi, reagi
e tomei atitude na hora,
e furei parede,
ignorei recesso
e desafiei boicote
pra jogar minha rede,
e tentei matar a sede
em qualquer pote,
inda assim,
nunca passei
de um bom Don Juin,
tentei
de entrada franca a acesso restrito,
de senhora safada a mocinha incauta,
de mulher baixinha, gordinha,
com anca e abundante culote
a mulher alta, bem fina,
despeitada e desbundante,
e de amazonense a gaúcha,
e tentei fluminense,
botafoguense e vascaína,
e sou urubu!,
e a maioria
me falou não na bucha!,
e não comi a carne
nem sequer roí o osso,
todavia,
nunca liguei
pra ducha fria e angu-de-caroço,
e me encarne se quiser,
meu amigo,
que pra encarnação
não ligo desde moço,
tentei acordar bela adormecida,
mas,
não vou negar
que ela roncou na minha fuça,
cantei bruxa
loura e franzida
e perdi a escaramuça
que levei
pernada da vassoura
e fui parar no caldeirão,
e sair de lá não foi mole não,
mas,
consegui me livrar da parada
e bebi um gole
pra recuperar a energia,
e não esqueci o do santo!,
e havia uma pinguça no balcão,
entretanto,
não fui safo o suficiente
e me embriaguei com o bafo
e entrei pelo cano
e do afano não me livrei,
felizmente,
quando voltei a mim,
não constatei outro dano!,
enfim,
minha gente,
é a minha história
e minha alcunha é Don Juin,
mas,
curiosamente,
lá no bar só dá Don Juan,
só dá bambambã
que pra contar só tem vitória!,
porém,
testemunha ninguém tem!