terça-feira, dezembro 18, 2007

A força do sonho

Não há força
que se oponha
à força do sonho
de quem tem fé
no sonho que sonha
e não desiste do sonho
e no sonho insiste sem trégua,
e traça o sonho
sem régua e compasso,
e do tempo se deslaça
e do chão tira o pé
e pelo espaço flutua
quando sonha,
mas,
transpira
em tempo integral
pra botar o sonho na rua,
e mais ainda sonha
quando cai na real
e sonha desperto
pra não deixar
de sonhar o sonho
sequer um instante
e, esteja onde estiver,
o sonho sonha,
esteja já perto
de realizar o sonho
ou ainda bem distante,
não há força que se oponha
à força de quem sonha
certo que o importante
é continuar sonhando o sonho!,
“quem não sabe sonhar
sonha, acorda contrariado
e se amua
porque acordou do sonho,
quem sabe sonhar
sonha, acorda,
ao sonho dá corda
e vai sonhando acordado,
e transpirando
pra botar o sonho na rua!”

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Não dá não!

Sem festa
não presta a vida,
não dá pra viver
só batalhando,
disputando bola dividida
pra marcar mais um tento
e ganhar mais um vintém,
e o adversário violento
entrando de sola,
não dá pra viver
de olho no horário,
traçando pê-efe de corrida
e brigando com o molho
ao fazer a digestão,
e a ferrugem aumentando,
e, de lambujem,
na sua cola andando alguém:
chefe, patrão, patroa;
numa boa,
não dá não,
não dá pra viver desse jeito,
imerso na pressa,
nessa lufa-lufa
que da poesia é o inverso,
e só dando nó em pingo d’água
e lamentando:
carestia, corrupção, efeito estufa;
de quando em quando,
é necessário
deixar de ser otário,
esquecer choramingo e mágoa
e tomar um porre de folia e parati
porque,
mais dia, menos dia,
toda gente morre
e tudo fica ou não fica por aí?!,
mas,
que se exploda essa questão
que essa questão é pra quem fica!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Galho de arruda

Não caia na esparrela
de pelo ouvido pegar barriga
dando trela a intriga e ruído,
se deixando levar
por atoarda e balela,
o mundo não vai acabar
em razão de um zunzunzum,
também,
de imediato,
não se descontraia
nem se distraia da guarda,
acredite
no fundo de verdade
que todo boato tem,
mudando o enfoque,
se, por um lado,
a criatividade do povão
não tem limite
e sua língua
é do tamanho de um bonde,
e de um bonde com reboque,
por outro lado,
a vontade da malta
de explorar o rebanho
não míngua,
está sempre em alta,
e a malta
pode espalhar falaço e fazer fuxico,
por conseguinte,
não se louve em rumorejo,
mexerico ou boquejo
pra não acreditar em mentira,
mas,
seja bom ouvinte
e confira tudo que ouve
se um calço não quiser levar,
se quiser evitar embaraço e percalço,
agora,
se ficar divido,
sem saber o que fazer
e precisar muito de ajuda,
faça o que eu faço,
na hora faço um trabalho
e passo a usar patuás
e, atrás do ouvido,
galho de arruda!