terça-feira, março 25, 2008

Pior que sarna, ziquizira e micuim

Por que você
não desencarna de mim?,
por que você não dá o pira?,
não agüento mais
me coçar tanto assim!,
e a rapeira é diária,
asseguro que você
dá mais cafubira
que ziquizira, sarna e micuim,
o que você dardeja
dá coceira maior
que de frieira
urticária e brotoeja,
juro que você
é um problema pior
que oxiúro, eczema e pereba,
tenha dó,
loureba,
você não pára,
se assanha na caradura
e me dá mais chanha
que secreção de potó
e mordedura de caruara,
é já-começa à beça
e me importuna mais
que todas que já senti,
mais que a de contato
com formigueiro, pixica,
pó-de-mico, mucuna e cabixi,
é tão braba a safreira
que arde
e fico em carne viva
como se num braseiro
me tivesse metido,
e o prurido desse encarne
não acaba
nem quando me unto
com medicamento, ungüento
e me trato
com simpatia anticoceira,
nem quando junto os três
e faço tudo de uma vez,
e fico sem alternativa
e a me coçar
de manhã, de tarde e de noite
que o açoite dessa quipã
me dá até insônia,
e me coço em cafua,
no aconchego do lar,
mas,
também
não faço cerimônia,
posso me coçar
na rua e no emprego,
na cara de cliente e patrão,
pra dar vazão à maldita,
e me coço na frente de visita,
seja homem, mulher,
criança, mocinha ou ancião,
e me consomem
irritação e nervosia,
e me roço
onde der pra roçar
se der pra coçar
aonde não alcança minha mão,
credo!,
jereré,
vê se dá no pé e me alivia,
leve esse uredo
pra outra freguesia!