quinta-feira, janeiro 22, 2009

Receio pelo amanhã do calendário de oficina

O vestuário da mulherada
abriu mão de tanto pano
e ficou tão transparente
que a imaginação decidiu
desativar aquela seção
do imaginário varonil
que na geografia dela
vivia mergulhada,
e desativou
do infantil ao veterano,
e, apesar de sexagenário,
peço mais progresso!,
e estou de prontidão
pra não deixar
que invente moda
ou tente frear essa roda
algum reacionário ou dissidente,
mas,
confesso
que me azucrina um receio,
receio pelo amanhã
do calendário de oficina
porque,
quando o vê,
já não exclama a criancinha:
“mamãe!, olha você só de sutiã!”,
“mamãe!, olha você só de calcinha!”,
a vovó já não reclama
nem belisca seu velhinho
que um olhar já não arrisca,
aliás,
já não fascina nem rapaz novinho
e não origina aquele agir solitário
que fez muito moleque
soltar o breque,
virar macho e se sentir herói,
acho até que posso dizer
que tal agir,
hoje em dia,
em razão da desativação
da tal seção do nosso imaginário,
já não sói acontecer
tal qual ontem acontecia!