quarta-feira, abril 19, 2006

Já se foi a hora

De fazer alarde
já se foi a hora,
agora é tarde,
já se encerra o dia,
e não há mais
garantia de luz
quando ele já não arde,
que até a do círio é parca,
não é capaz
de afrontar a escureza
que açambarca
a terra inteira,
a um cômodo escuro
o entorno reduz,
a cordilheira
a obscuro contorno,
a incômodo murmúrio
a grandeza do mar,
e lírio, azaléia e antúrio
a uma idéia
tão vaga de beleza
que mais parece
vaga na lembrança,
é tarde pra fazer alarde,
a luz do dia
já não nos alcança,
e cresce,
nos traga a escuridão,
nos assombra e arrepia
qual sombra de assombração!