quinta-feira, novembro 01, 2007

Ela tem um quê

Ela mexe,
remexe
e sabe dizer no pé,
enfim,
ela samba como quê,
bem,
até aí,
não tem nada demais,
que, por aqui,
muita mulher samba assim,
mas,
ela tem um quê que ninguém,
ninguém sabe dizer o que é,
sabe-se só
que esse quê faz o samba
ficar em ponto de bala,
embala, empolga
e faz ficar tonto do aprendiz
ao bamba mais graduado,
sabe-se só
que não há sambista
que fique parado
e calado no canto,
que não fique rouco
de tanto pedir bis,
e que o mestre-sala
dá de se exibir na pista
como um louco
e sem pausa nem folga,
e não há um,
um só
que a porta-bandeira
quase morta
não defenestre
por causa do frenesi,
sabe-se só
que dá o tantã
de mandar no batuqueiro
e que seu Cavaquinho,
sempre tão sobranceiro,
dá de gritar:
“faze de mim teu bandolim,
faze de mim teu bandolim!”,
e o samba vai assim
até que ela pressente
que vai raiar a manhã
e sai fora de mansinho,
aí,
a gente chora,
e chora em coro,
e chora um choro
que não tem mais fim!