quinta-feira, novembro 08, 2007

Que meu filho não saia aos seus

Morro de medo
desse arremedo de homem,
um desses
que comem por capricho,
por comer,
esse bicho-homem me cutuca
e me obriga a querer
quando quer ter prazer,
e de dia,
e de madrugada,
e nem sequer me caricia,
e me fere e machuca,
e se satisfaz assim,
e me pretere,
não liga mais pra mim
assim que se satisfaz,
morro de pavor
desse macho de nada
que me faz de capacho
e não me poupa,
me faz levantar mais cedo
pra preparar seu café,
me faz lavar
e passar sua roupa,
me faz cuidar do almoço
e quer seu jantar pronto
e posto na mesa
quando da rua vem tonto
e com cheiro e gosto de mulher,
morro de horror
desse homem micho,
useiro e vezeiro em magoar,
desse bicho-homem
que me acua e faz ser
esse poço de tristeza,
e choro sem dizer um ai,
mas,
com os olhos vermelhos
e de joelhos,
eu imploro:
miserere,
que meu filho degenere
e não saia aos seus,
não saia a mim
nem ao seu pai,
miserere,
que meu filho degenere
e não saia aos seus,
não saia a mim
nem ao seu pai.”