sexta-feira, novembro 30, 2007

Ditado infeliz

Você cai no meu caminho,
me diz esse ditado infeliz
- “filho de peixe é peixinho”-,
e não quer
que eu fique zangado
nem quer que eu me queixe?!,
ora!,
deixe de moda conosco,
e deixe agora!,
senão
vai ter noção
da minha mágoa
e do poder da minha mão,
é imensa a diferença
entre mim e meu pai,
é da água pro vinho!,
sou fosco e chinfrim
e meu pai
tinha arte, tinha viço, tinha brilho,
fazia parte da nata,
se vestia como um lorde
e era cobra no cavaquinho,
cada acorde
era obra de um virtuose
e o rastilho
que fazia a mulata explodir,
por isso,
era o bamba do morro
e o rei da roda de samba,
e você há de convir
que só tenho pose,
que de fome não morro
porque do meu pai
herdei o nome,
por conseguinte,
acate o que lhe digo,
rapaz:
pinte e borde comigo,
eu não ligo,
mas,
trate de respeitar meu pai,
trate de deixar meu pai em paz,
se não deixar,
eu brigo!